A campanha nacional de multivacinação de crianças e adolescentes menores de 15 anos começa nesta sexta-feira, 1º. A estratégia tem por objetivo colocar em dia doses que estejam em atraso. A pandemia de Covid-19 acentuou, em 2020, a queda na procura pelos imunizantes de rotina, conforme dados da Secretaria da Saúde (SES). Isso abre uma maior possibilidade para que doenças consideradas erradicadas voltem a circular ou aquelas que vinham com baixos índices aumentem, em especial pelo momento atual, de gradativa retomada das atividades e retorno desse público às escolas.
“Os pais precisam ser cuidadosos e voltar aos postos para colocar em dia a carteira de vacinação dos filhos”, alerta a secretária da Saúde, Arita Bergmann. Uma das ameaças é a volta da pólio (ou poliomielite), também conhecida como paralisia infantil, doença causada por um vírus que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes contaminadas ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. O último caso de poliomielite registrado nas Américas ocorreu no Peru, em 1991, e o continente americano recebeu o Certificado de Eliminação do Poliovírus Selvagem em 1994. No Brasil, o último caso confirmado ocorreu na Paraíba, em 1989, e no Rio Grande do Sul em 1983, em Santa Maria.
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Apesar de o país estar há quase 30 anos sem casos confirmados, o risco de reintrodução da doença existe, pois o vírus permanece circulando em dois países: Paquistão e Afeganistão. Assim, o Brasil se mantém atento ao risco de importação de casos da doença. A maneira mais efetiva de evitar casos de poliomielite é a vacinação. Como o país e o Rio Grande do Sul não estão alcançando as metas de coberturas vacinais há cinco anos, existe possibilidade de formação de bolsões de suscetíveis e, com isso, o alto risco de reintrodução da doença.
A campanha de multivacinação tem previsão de ir até 29 de outubro. Neste sábado, 2, está previsto o Dia D de mobilização, data que se orienta aos municípios a abertura extraordinária de postos de vacinação. Ao todo, o calendário de vacinação prevê 14 tipos de vacinas até os sete anos de idade e outras oito até os 15 anos, fora as que ocorrem em campanhas específicas, como a da gripe e da Covid-19. Mais de 2 milhões de pessoas no Estado fazem parte desse grupo de menores de 15 anos.
A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, explica algumas das razões da queda nos índices que o Rio Grande do Sul e o Brasil registram nos últimos anos. “Na medida em que as doenças passam a não circular mais, justamente porque se mantiveram elevadas coberturas vacinais, principalmente a partir dos anos 2000, muitas doenças tornaram-se desconhecidas, fazendo com que algumas pessoas não tenham noção do perigo representado por elas”, aponta. Tani ainda destaca que houve um agravamento desse quadro em virtude da pandemia de Covid-19 e que o momento reforça a importância de se ter a vacinação em dia. “Com o retorno gradativo à rotina, as crianças estão voltando a frequentar as escolas, e as doenças podem reaparecer também, já que os vírus podem circular novamente em função das baixas coberturas vacinais desse público”, explica.
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Índices baixos de vacinação aumentam os riscos para doenças imunopreveníveis, como coqueluche, poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola, varicela, meningite meningocócica e pneumocócica, gastroenterite por rotavírus e hepatites A e B, entre outras. Considerando dez das vacinas previstas até o primeiro ano de idade, em nenhuma delas foi alcançada a meta de vacinação de atingir ao menos 95% do público nos últimos quatro anos, sendo que em 2020 nenhuma ficou acima dos 90%. Os dados de 2021 ainda são parciais, pois essas vacinas de rotina têm prazo de até seis meses para o município registrar as aplicações no sistema do Programa Nacional de Imunizações.
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