Nos municípios campeiros, como Santiago, Unistalda, São Borja, Uruguaiana, Alegrete e outros, o sistema de vida é bem diferente do colonial italiano ou alemão. A começar pela extensão dos campos e a natureza do solo. Uma estância com 500 hectares não pode ser considerada grande. Costumes, culinária, divergem muito das regiões coloniais. A lida dos campeiros numa estância com 2 mil reses é diferente da do dono de um tambo de leite com 100 vacas.
Mas hoje quero falar sobre as mulheres campeiras modernas. Ressalte-se que hoje é rara a fazenda que não tenha internet, sinal regular de celular, ar condicionado, essas coisas. É muito comum filhas, netas, esposas de fazendeiros terem cursado Agronomia,Veterinária ou Escola Agrícola. Pegam no batente parelhas com os homens, sem prejuízo de suas ocupações próprias.
Muitas filhas de fazendeiros médios cursam essas escolas ditas rurais e depois procuram colocação numa fazenda grande para adquirirem mais experiência com os modernos procedimentos.
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A primeira estagiária em nossa fazenda foi a Ana Paula, filha do Paulo Sérgio Pinto, vice-presidente da Rede Pampa. A guria formou-se em Veterinária na Ulbra e tinha pouca prática. Instalou-se então de mala e cuia na nossa estância, ocupando um quarto com banheiro na nossa casa. Instruí a esposa de meu capataz para lhe servir as refeições em nossa casa quando não estivéssemos. Qual nada, a guria tomava café, almoçava e jantava com a peonada no galpão. Fez um belíssimo estágio.
Depois apareceram outras que já eram campeiras de nascença. Meu Deus, montavam igual ou melhor que qualquer ginete. A Daniela veio trazida por seu pai, numa caminhonete F-1000 meio enferrujada. Descarregou as mochilas e se foi direto ao galpão. Só a custo foi morar na nossa casa. Essa galopeava e laçava chegando às raias do perigo. Jogava futebol conosco e até carrinho dava no “machedo”. Depois veio outra, a Flávia, que só gostava de lidar com as ovelhas. Era cuidadosa e nos encantou com suas sugestões sobre técnicas de manejo, o que resultou em contrariedade dos peões mais conservadores. Maristela, minha mulher, bateu o martelo. Iríamos adotar as práticas e pronto. Terminado o estágio, a moça foi contratada por uma Cabanha que criava ovinos Ideal.
Lá em Unistalda, as mulheres campeiras criaram um piquete chamado Lenço Perfumado. Minha mulher também o integra. Só mulheres são aceitas e nas suas cavalgadas pernoitam nas estâncias do trajeto. Outra hora conto mais sobre as campeiras.
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Abraços para Adonis Fauth, Sandor Hoppe e Astor Wartchow