Não é inerente, não vem com fórmula e nem tampouco cabe em moldes. Falo da maternidade! Sim, ser mãe é desafiador, desde a concepção até o trazer à vida um Ser e ser por ele completamente responsável. Cresci ouvindo que ser mãe era uma dádiva, que a mulher “nasceu” para isso, que devíamos, sim, ter filhos. Mas ninguém conta das transformações, sejam elas hormonais, físicas e/ou emocionais. Ninguém fala do quanto ter um filho pode ser complicado. É, meus caros, infelizmente, não é um mar de rosas. Educar, ensinar, mostrar, ser exemplo pode se tornar algo pesado, uma responsabilidade gigante, sem contar o medo que nos assombra desde os “dois risquinhos”. Aqui ressalto, ainda, quando tudo isso é conduzido por apenas um dos lados, ou seja, a mãe. Precisamos falar mais sobre as mães solo.
No Brasil, somos mais de 11 milhões – dados de 2022 do IBGE – responsáveis por gerir o lar, o trabalho e o cuidado com os filhos. Ficam para a mulher todas as responsabilidades 24 horas por dia, sem pausa e intervalo. Nessa hora só consigo pensar no meme da internet: ser mãe, mulher, ter vida fitness, social, cuidar da casa, dos filhos, dormir oito horas por dia e trabalhar! E a gente marcando a opção – Não sou um robô. Sim, algo fica para trás e quer saber o que abandonamos primeiro? A nós mesmas!
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A sociedade está habituada a colocar a mulher no local de servir, se não o marido/companheiro, os filhos, o emprego, enfim… e muitas vezes é para lá que vamos. Ficamos tão obstinadas em sermos boas mães, boas trabalhadoras, que nos deixamos. Mas como mulher, tenho uma certeza, vamos, mas vamos fazer bem feito.
Há muito já caiu por terra o termo “sexo frágil”, não há como ainda acreditar em tal afirmação. Temos em nós uma força que nós mesmas desconhecemos. Lutamos muito por direitos iguais, mas fomos com nossos filhos nos braços (ou maridos, companheiros, casa, ou tudo junto), ou seja, conquistamos e sem deixar nada para trás. Mas isso nos custa, acreditem! Cresci em um lar chefiado por uma mulher e hoje me vejo na mesma posição. No entanto, com olhar mais apurado para o mundo e sempre disposta a mostrar a força que nos cabe. Ser a única responsável por toda e qualquer decisão traz uma sobrecarga descomunal. Ao mesmo tempo que me impulsiona a lutar por mim e pelas outras.
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Integro um grupo de mães solo, hoje já somos mais de 60 e apresentamos as mais diferentes realidades. As que contam com rede de apoio, as que não têm, as que se tornaram solo por viuvez ou por saírem de relacionamentos tóxicos, as que planejaram a gestação, as que não, são diversas histórias unidas pelo fato de criarmos nossos filhos sozinhas. Somos nós que decidimos sobre eles, é sobre nossa tutela que vivem.
Aqui quero deixar um dos fatos mais complexos que vivi no meu maternar – decidir sobre um procedimento cirúrgico do meu filho. Coube somente a mim se ele faria ou não. Foram meses de conversas com a especialista, momentos de certeza e de choro. Era eu comigo mesma, decidindo sobre a vida de uma criança que não fiz, mas crio sozinha. Optei pelo fazer, por acreditar que seria o melhor para ele, algo que faço desde o momento que soube de sua chegada até agora (e farei enquanto existir).
Com a proximidade do Dia da Mulher, em que exaltamos nossas conquistas até aqui, pois muito temos a conquistar, sinto orgulho do que sou, da mulher que me tornei e daquela que serei, pois acredito que estamos em plena construção. Tenho convicção de que sou uma boa mãe, a mãe possível, a mãe que consigo. Me esforço diariamente para cumprir minhas tarefas diárias no trabalho e em casa. Sim, tenho me deixado de lado, mas com a certeza de que é passageiro, pois sou mulher e sabemos transcender. Acreditem!
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