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JOSÉ ALBERTO WENZEL

Muito mais do que 143

As relações humanas com o Cinturão Verde de Santa Cruz do Sul ultrapassam 3 mil anos. Tempo que nos permite sua distribuição em sete períodos, não rigorosamente sucessivos, mas gradativamente imbricados.

Ao primeiro período denominamos de Circulatório (1.000 a. C./1847), em função da própria itinerância dos grupos de pessoas que se deslocavam e, aqui e ali, acampavam na busca por proteínas, frutas, raízes, água e abrigo. Com a implantação da “estrada de cima da serra”, em 1847, e a atuação dos “bugreiros”, gente encarregada pelo Governo Provincial para afastar os indígenas, previamente à chegada dos imigrantes, os nativos perderam espaço. Assim, ingressamos no período de Travessia (1847/1854), uma vez que os imigrantes, aqui chegados em dezembro de 1849, atravessaram as fraldas da Serra Geral e foram instalados na “Picada Velha” (Linha Santa Cruz). A seguir foi implantada a “Picada Pequena”, via carroçável, que, a par de outras trilhas, acessava as coxilhas pampianas ao Planalto da Serra Geral. Quando da instalação do “Povoado de Santa Cruz”, onde hoje está o centro urbano, a transposição ocorreu nos dois sentidos: do interior para a cidade e desta para aquele. Estavam postas as condições para a instalação das atividades chacareiras de entorno ao centro.

À ação desenvolvida nas “Chácaras” (1854/1907) correspondeu significativo processo de desmatamento e afastamento das “feras”. As chácaras forneciam madeira, materiais rochosos, hortifrutigranjeiros e água. Com a construção da primeira hidráulica, no atual Parque da Gruta, aportamos no período das Hidráulicas (1907/1949). Ainda hoje, muitos se abastecem da água produzida no Cinturão Verde. O mesmo que atenderia às demandas por brita, com o que chegamos ao período da Mineração (1949/1977). Ainda que particulares já explorassem antes o recurso mineral, foi a partir da instalação de um britador, em 1966, que a atividade tomou maior impulso.

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O britador seria desativado em 1991. Todavia, já antes disso, em 1977, fora enunciada a demarcação física do território do Cinturão Verde, o que nos habilita a considerar o período Demarcatório (1977/1994) como emblemático. Tornara-se indispensável a demarcação, sob o viés preservacionista, frente à Pressão Urbanizadora (1994-atual). Em 2013 foi proposta a ampliação remarcatória, com o que os 463,79 hectares de 1994 passariam para 1.028,1, num acréscimo de 564,33 hectares. A proposta, apresentada como “Poligonal Potencial Remarcatória”, figura no Plano Diretor vigente (LC 741/2019) e está descrita no livro Cinturão Verde. E agora?, que pode ser acessado gratuitamente no portal da Editora Gazeta (https://www.editoragazeta.com.br/produto/cinturao-verde-e-agora/). Posso disponibilizá-lo virtualmente a quem se interessar.

Há muito mais a ser pesquisado acerca do Cinturão Verde e seu entorno, condição essencial para sua efetiva preservação. À medida que compartilharmos o conhecimento, cresce o potencial protetivo. Que o Cinturão Verde que nos abraça no 143º aniversário do município possa ser abraçado também pelos nossos filhos, netos, bisnetos… Até breve!

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