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Conversa Sentada

Mudando de saco para mala

Enquanto fervilham as redes sociais, neste país de 200 milhões de cientistas políticos, acho de melhor alvitre voltar a falar em política quando a chapa esquentar um pouquinho mais. Creio que as decisões estão tomadas e o quadro não vai trazer surpresas. Por essa razão vou falar sobre assuntos mais amenos, ao menos hoje.

Quero, antes, cumprimentar o dr. Vinicius Alves Moraes, o qual ainda não tenho a honra de conhecer pessoalmente, pelos seus belos artigos. A Síndrome de Estocolmo matou a charada.

Gostei, também, do artigo da Natany Borges sobre feminismo. Também há algum tempo escrevi ter sido minha mãe a primeira feminista que conheci. A verdade é que nos dias que correm se vê coisas que no passado eram impensáveis: como uma mulher ser juíza. Rememore-se que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul sistematicamente vetava a inscrição de candidatas a juiz. Só com Maria Berenice Dias, hoje desembargadora aposentada, a coisa mudou. Não havia brigadianas e assim vai. Mas há ainda um longo caminho a trilhar.

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Sobre folguedos infantis do passado e de hoje, recebi um Whats que me fez rir muito. Um homem ainda jovem narra, de maneira hilária, como eram as brincadeiras anos atrás e como são hoje. Inicia proclamando que antigamente as crianças se reuniam em grupos e só quase à força eram intimadas a voltar para casa, e que hoje as crianças e adolescentes não têm mais amigos, que foram substituídos pelas engenhocas eletrônicas. Que hoje as crianças têm “personal trainer” para jogar futebol, que os guris são estilosos com o cabelo, fazendo trilhas, e assim vai. Observo em muitas casas crianças de olhos petrificados na TV, enquanto o sol brilha lá fora.

Esses dias veio uma netinha de 8 anos, convidei para jogar bola, ela levou um tombo e ralou um pouco o joelho. Fez um alarde que parecia que tinham saído as tripas. Veio a mãe toda preocupada. Só faltava chamar o Samu. Peguei a guria e falei que, na anterior encarnação, eu tinha sido um médico famoso. Peguei água, um sabão, passei no pequeno esfolamento e exclamei: “Tá curada, pode correr de novo!”. A guria me olhou bem nos olhos e perguntou: “Tu foi médico mesmo?”. E sem esperar a resposta, saiu em desabalada carreira pátio afora. Para preocupação da mãe…

Aí entro no assunto de separações. Aconselho que vejam no Netflix o filme Gente de Bem. O enredo trata de pessoas de meia idade ou já idosos que se separam, sendo que um dos cônjuges arruma outro parceiro. Aí começam o ciúmes retroativos, conflitos de dinheiro, desajuste de filhos, a gradativa disfunção erétil dos homens, malgrado ainda terem boa aparência. O filme, no entanto, trata esses assuntos com muito humor e até compaixão. É um belo programa para ver quando não aparece ninguém para te visitar.

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