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MP sobre diferenciação de preço não empolga

O que já acontecia em alguns estabelecimentos irregularmente foi oficializado nesta semana por meio de uma Medida Provisória publicada no Diário Oficial da União. As lojas podem, a partir de agora, oferecer descontos para os clientes que pagarem as compras à vista e com dinheiro. Antes, a diferenciação de preços, independentemente da forma de pagamento, era proibida pela legislação – mesmo que, para o lojista, o recebimento pelo cartão tenha custo mais alto.

A expectativa do governo federal é de que a MP favoreça o consumidor e movimente o comércio. Mas na prática, o economista Silvio Arend acredita que a mudança é uma ilusão. “As pessoas estão acostumadas com a praticidade e segurança do cartão. Duvido que alguém vá até o banco sacar R$ 2 mil para comprar uma televisão à vista.” Segundo ele, não é o modo como as pessoas optam por pagar que movimenta o comércio, mas sim a geração de empregos.

Para Arend, a lei é inútil, tendo em vista a instabilidade política e, consequentemente, econômica do País. Segundo ele, o período é de incerteza e desconfiança e por isso as empresas estão investindo menos, assim como as pessoas diminuíram o volume de consumo. “É uma lei para mostrar que estão tentando fazer alguma coisa, mas não vai mudar o cotidiano do cliente e do lojista”, afirmou.

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E a expectativa para o ano que vem não é das melhores. Conforme o economista, o governo não tem apresentado medidas que estimulem a geração de empregos e, portanto, a economia deve seguir o mesmo padrão de 2016. Segundo Arend, as famílias continuam preocupadas em quitar as dívidas e reduzir despesas. “Pode haver, no máximo, uma pequena melhora, mas nada aponta para isso.”

Sem repercussão nos negócios

A liberação para cobrar preços diferentes conforme a maneira de pagamento vai depender de cada lojista, analisando o perfil do cliente e a necessidade financeira do estabelecimento. Essa é a visão do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Cruz do Sul, Lauro Mainardi Júnior, sobre a Medida Provisória que autoriza a diferenciação de valores. Por isso, Mainardi acredita que não deve haver alterações no volume de vendas.

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Para o presidente da CDL, quem mais vai se beneficiar com a mudança são os clientes que já preferiam pagar à vista e com dinheiro. “Eles vão conseguir economizar mais agora”, apontou. Mas ele acredita que seja possível fomentar as negociações entre as operadoras de crédito e os lojistas, para que se crie um estímulo nas compras com cartões. “Comprar com cartão ainda é o mais seguro para os clientes”, diz Mainardi.

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