Resultado da Operação Fura-Fila, desencadeada em 5 de dezembro de 2017, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado Saúde (Gaeco – Saúde), do Ministério Público, apresentou à Justiça nesta segunda-feira, 25, a denúncia contra oito suspeitos de corrupção na Prefeitura de Vera Cruz. O promotor João Afonso Silva Beltrame, responsável pela operação, informou que os acusados responderão pela prática de organização criminosa e peculato eletrônico. Segundo ele, foram identificados 45 fatos criminosos.
Os denunciados são os vereadores Eduardo Wanilson Martins Viana e Marcelo Rodrigues de Carvalho, o então secretário municipal de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente e vereador, Mártin Fernando Nyland, a então secretária municipal de Saúde, Eliana Maria Giehl, o vice-prefeito Alcindo Francisco Iser, os assessores parlamentares Gelson Fernandes de Moura e Anselmo Eli Ferreira Júnior, e a servidora concursada do Município Adriane Mueller, que atuava na Secretaria de Saúde. Eles ainda se encontram na condição de denunciados.
Após o juiz receber a denúncia, os acusados passam a ser réus. A partir disso, eles terão prazo para a apresentação de defesa preliminar. Depois, o juiz recebe a denúncia e ocorre a instrução do processo com a produção de prova testemunhal e outras da defesa para que, então, a Justiça dar a sentença. Todos os acusados na operação negam as acusações. A Gazeta do Sul não conseguiu contato na noite desta segunda-feira com o advogado que representa os suspeitos.
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Na Operação Fura-Fila foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão na Prefeitura e nas casas de agentes públicos na manhã de 5 de dezembro de 2017. O esquema envolveria, principalmente, o favorecimento de apadrinhados políticos na fila do Sistema Único de Saúde (SUS). A ação afastou dez agentes públicos, incluindo dois vereadores, dois secretários municipais e o vice-prefeito. Os vereadores e o vice retornaram às atividades mediante liminar. Adriane Mueller retornou ao serviço público, no entanto, lotada na pasta da Educação.
Os supostos ilícitos
O Ministério Público investigou dois tipos de favorecimento ilegal na Operação Fura-Fila. Um deles teria ocorrido na Secretaria de Saúde, onde consultas e procedimentos eram antecipados para apadrinhados políticos dos investigados. O outro tipo de ilícito era praticado na Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente. Conforme os promotores que trabalharam no caso, teriam sido executados de forma irregular serviços com máquinas em propriedades rurais e distribuição de cargas de brita. Por tudo isso, a investigação foi batizada de Fura-Fila.
Prefeito emite nota sobre apurações
O prefeito Guido Hoff emitiu nota na noite desta segunda-feira sobre a denúncia envolvendo a Operação Fura-Fila. Ele afirma que a comunidade acompanha os desdobramentos da investigação com perplexidade e atenção. “De nossa parte, da liderança do poder executivo, cabe-nos neste momento turbulento manter a serenidade e a crença no poder judiciário. O rito do processo deve continuar sem quaisquer interferências, com parcimônia e profundidade. Os denunciados têm o direito de se defender garantidos e o veredito final do processo será, por certo, justo e equilibrado”, diz o comunicado.
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Hoff diz que irá acompanhar o caso a distância, racionalmente e crendo que não se cometam injustiças, com espetacularizações exageradas ou, então, impunidades. “Pessoas conhecidas nossas e de toda a comunidade estão sob investigação”, afirma. “Investigação, denúncia, defesa e julgamento, esse é o caminho que será seguido. Estamos todos impactados sim, mas com a tranquilidade necessária, afirmamos que continuaremos o trabalho diário com ainda mais zelo e transparência”, completa o prefeito no texto.
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