Em mais uma fase da Operação Feudalismo, o ex-vereador de Santa Cruz Paulo Lersch foi novamente denunciado à Justiça pelo Ministério Público. Além de novos casos de “rachadinha” (captação de parcelas de salários de servidores públicos) ocorridos durante o período em que cumpriu mandato na Câmara, Lersch pode responder por lavagem de dinheiro.
A nova denúncia, que foi ajuizada na última quarta-feira, 15, tem como base os depoimentos de nove pessoas, incluindo ex-assessores do Legislativo e ex-funcionários da Prefeitura indicados por Lersch, que confirmaram ter repassado valores ao então vereador. As situações chegaram à Promotoria de Defesa Comunitária após as primeiras ações movidas contra Lersch, em junho de 2019, que se baseavam nos casos de duas assessoras e que levaram à condenação dele pelo Tribunal de Justiça este ano.
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De acordo com a denúncia, à qual a Gazeta do Sul teve acesso, os novos depoimentos “revelaram o que já se suspeitava: o esquema criminoso era muito maior, atingindo muitas outras vítimas secundárias”. Pelo esquema, que teria iniciado em janeiro de 2013, logo após a posse de Lersch para o primeiro mandato, os servidores seriam obrigados a repassar a maior parte dos seus vencimentos ao parlamentar. Segundo os relatos, na maioria dos casos eles ficavam com cerca de um terço do valor a que tinham direito. Em algumas situações, a parcela “confiscada” pelo vereador chegava a 80%. Os repasses, que ocorriam mensalmente, seriam uma condição para a permanência nos cargos.
Ao todo, o MP estima que R$ 628 mil tenham sido recolhidos por Lersch entre 2013 e 2019. Dentre as evidências apontadas na denúncia, estão depósitos de dinheiro em contas bancárias de Lersch sem identificação de origem nos extratos. Além do ex-vereador, também são alvos da nova denúncia Carlos Henrique Gomes da Silva, também ex-assessor e “braço direito” de Lersch, e Nersi Ana Backes, mãe de Lersch, que teriam atuado como intermediadores na captação dos valores. Na primeira denúncia, ambos foram absolvidos pelo TJ em relação ao crime de concussão.
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Lersch e Nersi também foram acusados de utilizar valores recolhidos dos servidores na criação, em março de 2019, de uma empresa de transportes das quais eles são os únicos sócios, bem como na compra de quatro ônibus por essa empresa em março e maio daquele ano. A operação teria sido feita com o objetivo de “dar aparência lícita ao produto dos crimes antecedentes cometidos em série”.
Se a denúncia for aceita, os três acusados podem responder tanto na esfera cível (por improbidade administrativa) quanto na esfera criminal (por concussão e, no caso de Lersch e Nersi, lavagem de dinheiro). Quando as primeiras ações foram ajuizadas, Lersch chegou a ficar preso por 1 ano e 2 meses e, após obter progressão para o regime semiaberto, está atualmente em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica. Ele também renunciou ao cargo de vereador e foi expulso de seu partido, o PT.
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Procurados, tanto o advogado de Lersch e Nersi, Ezequiel Vetoretti, quanto o advogado de Carlos, Luiz Pedro Swarowsky, informaram que ainda não foram citados da nova denúncia e que só após isso vão se manifestar a respeito do assunto.
Essa é a sexta fase da Operação Feudalismo. Além de Lersch, as investigações levaram à cassação de três vereadores no ano passado – Alceu Crestani (PSD), Elo Schneiders (PSD) e André Scheibler (PSD). Em julho deste ano, a ex-vereadora Solange Finger (PSD) também foi denunciada.
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