Cobradores e motoristas do transporte coletivo urbano de Santa Cruz do Sul estão organizando uma assembleia, a ser realizada na esquina das ruas Galvão Costa e Tenente Coronel Brito, na manhã desta sexta-feira, 4. O objetivo do movimento é reunir toda a categoria para debater os próximos encaminhamentos, tendo em vista que o Consórcio TCS não atendeu e nem deu resposta à proposta de reajuste anual apresentada pela classe. A solicitação dos trabalhadores é reposição salarial de 10,48%, mesmo índice da inflação do ano passado, e mais R$ 200,00 de vale-alimentação.
Na tarde desta quarta-feira, 2, dois representantes da categoria, os cobradores Gerson Luis da Silva e Vilson Sidnei do Nascimento, falaram à Rádio Gazeta 107,9 FM e garantiram que não pretendem fazer greve. Segundo Silva, a proposta de reposição foi levada à empresa no início deste mês. O prazo final para a resposta era essa segunda-feira, 31. “Estamos até agora sem resposta. Vamos começar a tomar atitudes”, afirmou Silva. Para eles, as solicitações são o mínimo necessário para sobreviverem com dignidade e sustentarem as famílias.
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Nascimento aproveitou para esclarecer à população que a categoria não pretende parar. “Não queremos greve, queremos apenas o que é nosso direito: reposição da inflação”, salientou. Segundo ele, todo o ano os trabalhadores do transporte coletivo precisam bater na mesma tecla. “É necessário valorizar o motorista e o cobrador. Nosso salário está muito desatualizado. Ganhamos R$ 1.190,00 para sustentar família, pagar água, luz”, argumentou Nascimento, lembrando que o valor é ainda menor que o salário mínimo, fixado em R$1.212,00.
Em relação ao vale-alimentação, uma das empresas que compõem o Consórcio TCS paga R$ 80,00, enquanto a outra não oferece o benefício aos trabalhadores. “Faz parte da nossa pauta unificar essa situação, todos ganhando R$ 200,00, afinal é um consórcio”, destacou. Até esta quarta, o consórcio não havia formalizado qualquer resposta ao sindicato. “Estão protelando, por isso temos que nos organizar daqui pra frente”, pontuou Silva. Atualmente, a categoria conta com cerca de 70 funcionários.
Mobilização
Gerson Silva e Vilson do Nascimento fizeram um chamamento a todos os motoristas e cobradores: na sexta, às 9h30, na esquina das ruas Galvão Costa e Tenente Coronel Brito. Nesta data, horário e local, uma assembleia será realizada para encaminhar as atitudes que serão tomadas dali em diante. “É importante que todos compareçam, para que a gente possa decidir qual rumo tomar”, disse Silva.
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Um dos pontos a ser debatido na assembleia é a possibilidade de pleitearem um aumento salarial, de forma que se equipare ao mínimo regional, fixado em R$ 1.290,00. “Se tivessem mandado uma resposta à proposta de reajuste de 10,48% poderíamos estar negociando”, apontou Nascimento, dizendo que espera que algum representante do Consórcio TCS compareça à assembleia e apresente uma contraproposta objetiva. “Tem que agradar toda a categoria. Se não for assim, apesar de não querermos isso, vamos entrar em greve”, afirmou.
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Devido à assembleia estar marcada para sexta-feira, às 9h30, é provável que as linhas entre esse horário e as 11h30 fiquem um pouco prejudicadas. Antes e depois, no entanto, não haverá qualquer transtorno. “Íamos nos reunir nesta quarta-feira, mas adiamos para ter tempo de avisar os passageiros. Nós sempre pensamos nos passageiros, em como evitar qualquer transtorno”, garantiu Nascimento. Segundo os cobradores, não há tempo ou espaço para eles conversarem, por isso adotam essa metodologia.
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Consórcio TCS aguarda parecer da Prefeitura e da Agerst
O gerente do Consórcio TCS, Zaqueu Forgiarini, confirmou, na tarde desta quarta-feira, em entrevista à Rádio Gazeta 107,9 FM, que a empresa ainda não formalizou qualquer resposta ao sindicato em relação à solicitação de reajuste de 10,48% e vale-alimentação de R$ 200,00, feita por cobradores e motoristas. Segundo ele, o motivo é que a decisão de conceder ou não a reposição não depende só do consórcio. “Temos que tratar com a Prefeitura e a Agência [Reguladora dos Serviços Públicos Delegados de Santa Cruz]”, afirmou.
Nesse sentido, Forgiarini disse que pretendia encaminhar, ainda nesta quarta, um documento explicando a necessidade de estender o prazo de negociação com a categoria. Segundo ele, o reajuste reflete diretamente no valor da tarifa paga pelos passageiros e, em virtude disso, a Prefeitura e Agerst precisam aprovar a medida. A expectativa do gerente do consórcio é de que até o dia 11 de fevereiro seja possível se reunir com os órgãos públicos, para tratar desse e de outros assuntos. “É claro que a gente quer restabelecer esses 11%”, disse.
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Um ponto levantado por Forgiarini é a questão do subsídio pago pela prefeitura ao Consórcio TCS, no valor de R$ 225 mil. “Ainda não estamos conseguindo arcar com os custos sozinhos. Então, dar ou não esse reajuste é uma questão de responsabilidade, já que impacta diretamente na tarifa”, destacou. De acordo com ele, o subsídio ainda é menor que a despesa, de modo que a empresa opera sempre com déficit.
Sobre a assembleia organizada por cobradores e motoristas para esta sexta-feira, Forgiarini disse que é pouco provável que haja uma posição da empresa até lá. Ele entende que a categoria queira se mobilizar em busca de direitos, mas acha um pouco cedo para esse tipo de mobilização. “Pode ser um movimento impulsivo, que vai prejudicar os usuários”, finalizou.
Cobradores
Um estudo contratado pela Prefeitura apontou a possibilidade de retirar os cobradores do serviço de transporte coletivo urbano, a exemplo do que já acontece em outras grandes cidades. De acordo com o gerente do Consórcio TCS, Zaqueu Forgiarini, a situação está sendo observada. “Se for apontado pelo Município, temos que acatar, devido ao contrato com eles. Nós dançamos conforme a música e quem toca a música é a Prefeitura”, analisou. Mesmo que essa decisão seja tomad, segundo ele, não haverá demissão em massa.
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*Colaborou a jornalista Maria Regina Eichenberg
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