Desde o ano passado, quando a pandemia teve início e, com ela, o aumento do isolamento social, os motoboys e motogirls se tornaram imprescindíveis – e nunca trabalharam tanto. Seja para retirar ou receber alimentos, pacotes, presentes ou documentos, contatar um entregador se tornou uma das alternativas mais viáveis durante a pandemia.
O entregador Ezaquiel Moises da Silva, de 47 anos, há 15 anos na função, avalia que, apesar de a pandemia ser uma situação crítica, que os mantêm expostos aos riscos, é uma das melhores épocas para o setor. É uma oportunidade para os motoboys manterem ou aumentarem o faturamento. No caso dele, o número de entregas desde o ano passado dobrou.
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“Antes eu fazia umas 30, e agora são em torno de 60 por dia. Além dos pontos fixos que eu tenho, que são os laboratórios, agora atendo a pedidos de muitas lojas, que ligam para entregar peças de celulares e aparelhos, roupas, sapatos e tudo que você consegue imaginar. Nesta semana mesmo fui chamado por uma para fazer a entrega de uma mala de viagem, algo que nunca havia feito antes, nem estava acostumado, por ser um objeto muito grande”, conta. Izak, como é conhecido, há seis anos abriu uma empresa de entregas e mantém três pessoas trabalhando. “Sempre temos muitas entregas para fazer, graças a Deus. E quando não vencemos, eu passo o pedido para um grupo de motoboys. São 70, algum colega atende. Nunca deixamos ninguém empenhado, e isso é uma visão positiva de que talvez com este período as pessoas passem a valorizar mais a profissão.”
A carga de trabalho é de aproximadamente oito horas por dia, em cima de uma moto exposto a mudanças de clima e temperatura, risco de assaltos e de acidentes e a possibilidade de contaminação pelo coronavírus. À noite, após concluir seu expediente, em vez de descansar, Izac segue para sua segunda atividade – entregador de pizzas, desta vez atuando como funcionário. “Financeiramente é uma das melhores épocas para quem trabalha no ramo”, diz.
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Ao mesmo tempo, com a escassez de vagas de empregos formais em razão da crise econômica, a concorrência cresceu. “Há pessoas de outros ramos migrando para este. Alguns é somente para a temporada, por falta de opção; não permanecem por muito tempo e a maioria não é legalizada. Eu me legalizei: abri uma MEI e adaptei a moto com o que é exigido, como placa vermelha, acessório mata-cachorro, antena e adesivagem de capacete e moto.”
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Para o entregador Thales Menezes, de 28 anos, que há quatro é motoboy em uma lanchonete na Rua Senador Pinheiro Machado, no Centro, o aumento de entregas representa também o aumento de cuidados com a questão da saúde. A preocupação é válida tanto para ele, que precisa estar bem para poder trabalhar, quanto para proteger a esposa, o filho e os pais que residem na mesma casa.
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“Eu sempre tenho no bolso um frasco de álcool em gel, que passo antes de pegar o produto, quando lido com o dinheiro e quando retorno para buscar outra entrega. A gente tem contato com várias pessoas todos os dias, e o que mais se vê é que muitos clientes estão em casa e vão até o portão sem máscara. Não é só a gente que precisa se proteger, é uma questão de segurança para nós e pra eles”, comenta.
Menezes também concorda que a fase financeira é uma das melhores. O trabalho de motoboy, que iniciou por falta de opção, hoje é a principal fonte de renda da família. Das 30 entregas que fazia antes da pandemia, hoje faz em torno de 60. “Eu comecei quando meu filho era bebê. Trabalhava com meu sogro com o serviço de pintura e fazia uma renda extra tirando a folga dos outros entregadores. Deu tão certo que logo consegui um horário fixo e larguei o outro trabalho. Hoje, as horas de folga servem para aproveitar com a família.”
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