Abre nesta sexta-feira, 17, na Casa das Artes Regina Simonis uma mostra fotográfica que destaca a trajetória de atrizes e atores negros do cinema gaúcho. A exposição Pretos na Tela reúne 20 fotos da consagrada fotógrafa e jornalista santa-cruzense Dulce Helfer. Os registros são parte do trabalho de Dulce como fotógrafa de cena (still) e de making of em três filmes do diretor Tabajara Ruas. A exposição terá evento de abertura nesta sexta-feira, às 19 horas, e permanece aberta para visitação gratuita até o dia 7 de outubro.
A fotógrafa, que tem mais de 40 anos de profissão, captou através de suas lentes imagens marcantes e sensíveis dos atores negros no elenco dos filmes Netto e o Domador de Cavalos, filmado em 2005, Os Senhores da Guerra, em 2013, e A cabeça de Gumercindo Saraiva, em 2017. Os três longa-metragens tiveram direção e roteiro de Tabajara Ruas, que também assina a curadoria da exposição e do álbum, com produção da Walper Ruas Produções.
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Conforme Dulce, expor em sua cidade natal sempre tem um significado especial, apesar de ter passado longe mais de 30 anos, 27 dos quais trabalhando como repórter fotográfica do jornal Zero Hora. O retorno, após o falecimento do pai, foi para ficar com a mãe, que vai completar 92 anos.
Na casa de Santa Cruz do Sul, a fotógrafa explora outros de seus talentos, plantando árvores frutíferas, ervas e temperos que utiliza para cozinhar diariamente. Antes da pandemia, ela costumava ir a Porto Alegre toda semana; contudo, durante o período de isolamento social, passou a realizar as reuniões de trabalho a distância.
A exposição Pretos na Tela será a segunda de Dulce na cidade em menos de três anos. A anterior trouxe fotografias do projeto Poesia Líquida, que foi transformado em livro. “Santa Cruz é muito importante. Já expus o Poesia Líquida e teve uma receptividade superboa, foram muitas escolas visitando e eu recebi todas lá. Explicava sobre a importância da água e dos locais de todo o Rio Grande do Sul que fotografei.”
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A exposição que chega agora a Santa Cruz esteve anteriormente na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), na Capital, e reúne fotos dos atores Sirmar Antunes, Apollonio Cipriano, Anderson Simões, Evandro Elias, Álvaro Rosacosta, Vera Lopes, Denizeli Cardoso e Mislaine de Oliveira. O projeto foi viabilizado com recursos da Lei Aldir Blanc (Lei nº 14.017/20), por meio do Edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, parceria da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac) e Fundação Marcopolo. Além da exposição, foi feito um álbum impresso com 42 fotos, que será entregue aos cem primeiros visitantes. “São as fotos que estão na exposição e mais algumas”, revela.
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Segundo Dulce, o livro conta com um texto de introdução escrito pelo ator gaúcho Sirmar Antunes, que interpretou um dos personagens fotografados. Presente em diversas produções de teatro, cinema e televisão, Sirmar integrou o elenco de grandes produções, como A Casa das Sete Mulheres e Netto Perde Sua Alma, além de ter recebido neste ano o Prêmio Leonardo Machado no 49º Festival de Cinema de Gramado, pelos seus 47 anos de carreira. O ator estará presente no evento de abertura da exposição.
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Gazeta do Sul – Como foi fotografar esses atores e quais foram os sentimentos que você queria transmitir das atuações deles, através destes registros?
Dulce Helfer – Essas fotos não foram pensadas para uma exposição. Como eu achava os atores legais, queridos, lindos e maravilhosos, e estavam com as roupas dos filmes, comecei a fazer fotos deles e quando vi, tinha uma série. Fiquei pensando que isso seria desperdiçado porque não seria mais usado. Então, com esse álbum e com a exposição, há um resgate de todo o trabalho desses atores, inclusive histórico. Não há registro dos atores negros do Rio Grande do Sul, então, estamos doando o álbum para bibliotecas, escolas, imprensa, ONGs e associações.
Como você avalia a curadoria realizada pelo Tabajara Ruas, com quem você já realizou tantos projetos?
Eu confio tanto e conheço ele tão bem de tantos anos que somos amigos, passamos por tanta coisa, que para mim é como se eu tivesse deixado com alguém da família. O Taba, mesmo estando em Santa Catarina, ele e a Ligia vêm muito e estamos sempre em contato, nos falamos todos os dias. Foi uma curadoria nota dez, até porque quem criou os personagens foi ele. Então, ninguém melhor para fazer a curadoria de cinema do que o Taba.
Há previsão de realizar a mostra em outros locais?
Pelo edital da Marcopolo, teria que levar a duas cidades. A primeira foi Porto Alegre. Eu acho que é o tipo de projeto que é a cara da Casa de Cultura Mario Quintana, então colocamos a exposição na sala de cinema que foi inaugurada no quinto andar. O espaço se chamava Espaço Onda, mudaram para Sala Oliveira Silveira, um poeta gaúcho que conheci e fotografei, e que é negro. Tem tudo a ver, as fotos são de making of de cinema e o espaço é de cinema, e um poeta negro que foi homenageado junto com a exposição, deu muito certo. No edital, era preciso ter mais uma cidade e é claro que escolhi Santa Cruz do Sul. Se não desse aqui por causa de calendário, iria para Rio Pardo, no Centro Regional de Cultura, que é um espaço lindo. Será só em Santa Cruz, daqui não preciso levar para lugar nenhum, mas sempre surgem convites.
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