Há quase um ano, a região perdia o talento e a alegria do jovem Pedro Mans, de apenas 20 anos. Naquela madrugada de 2 de agosto de 2020, por volta das 4h15, o rapaz, que atuava em múltiplas áreas profissionais e culturais, sofreu um acidente com sua motocicleta Honda CG Titan, quando trafegava pela estrada de Vila Progresso, no Bairro Imigrante, em Vera Cruz, a cerca de seis quilômetros da residência onde morava com os pais.
Ele foi atingido por um Fiat Punto, dirigido por um motorista de 22 anos. Dois adolescentes de 16 anos também estavam no carro. O inquérito sobre o caso demorou três meses para ser concluído. À época, o delegado Paulo César Schirrmann, responsável pela investigação, disse que poucas vezes haviam sido ouvidas tantas pessoas em um caso de trânsito.
Ao todo foram 13, entre testemunhas, socorristas e o motorista envolvido no acidente. As provas obtidas pela Polícia Civil foram indiscutíveis. O condutor do Fiat Punto foi indiciado por homicídio culposo de trânsito – sem a intenção de matar – e o inquérito foi remetido ao Poder Judiciário. No entanto, desde então, a pouca movimentação no processo tem gerado angústia junto à família Mans, que clama por justiça. O motorista aguarda o julgamento em liberdade.
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“Esses casos graves teriam que ser apurados com uma velocidade maior. Estamos frustrados com essa demora. Sei que o julgamento não vai trazer meu filho de volta. Mas é importante esse tipo de situação se tornar um exemplo, para que outros jovens com carteira de motorista não pensem que podem fazer qualquer coisa, que não vai dar em nada. E para que outros familiares não percam seus filhos também”, disse o pai da vítima, Paulo Mans.
“Que sirva de conscientização, para que isso não aconteça com outro pai de família. É uma barra aguentar uma situação dessas. A gente criou ele certinho e não é fácil perder um filho de 20 anos, enquanto o motorista segue por aí andando, podendo ocasionar outros acidentes e vítimas. Infelizmente, hoje em dia, o ser humano só sente se realmente doer no bolso e sofrer uma punição severa. De outra forma, continua tudo a mesma coisa”, desabafou Mans.
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Pandemia impactou, avalia advogado
Monitorando o caso em nome da família de Pedro Mans, ao lado do colega Luiz Alberto Theisen, o advogado Luciano Almeida se mostra ponderado quando o assunto é um possível prazo para as fases finais do processo. É provável, segundo ele, que o caso se estenda ainda por dois ou três anos até um desfecho por completo.
“Ainda está na fase bem inicial, de recebimento da denúncia. Infelizmente, a pandemia atingiu o funcionamento do Poder Judiciário, por isso, esse processo deve se arrastar ainda por um bom tempo. O fato é que há um processo criminal, com denúncia. Nosso trabalho, em defesa da família, é garantir que haja uma condenação, uma vez que me parece muito claro que há responsabilidade por parte do motorista neste homicídio culposo de trânsito”, afirmou o advogado.
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Ele também elogiou o trabalho dos investigadores na condução do inquérito. “Foi uma investigação muito bem feita, detalhada, com busca de provas. A Polícia Civil de Vera Cruz teve um cuidado muito grande para cobrir todas as questões importantes. Ficou provado que houve imprudência, e isso precisa ser punido. Não há posição de vingança por parte da família do Pedro, e sim que se faça justiça diante de um caso tão claro como este”, finalizou Almeida.
“Tem dias que a gente desmorona”
Para o pai de Pedro, a condenação do motorista também seria uma maneira de virar este triste capítulo da história da família. “Não é fácil. A saudade aperta e nunca vamos conseguir esquecer. Pelo menos, com o desfecho do caso, teríamos um sentimento de que a justiça foi feita”, comentou. “Estamos em uma ansiedade desde o início. Naquele dia, o bafômetro não funcionou, o que poderia levar o caso ainda para outro patamar. Nós pagamos impostos, fazemos as coisas certas e, mesmo assim, o Estado é demorado”, afirmou.
Emocionado, Paulo Mans revela que, mesmo após um ano, o quarto do jovem ainda não sofreu mudanças. “Tem dias que a gente desmorona. Chegar em casa e ver aquele quarto vazio, sem o nosso filho lá. Todas as coisas dele ficaram no mesmo lugar, como se ele fosse voltar para casa. As medalhas de conquistas, participações em festivais de dança, tradicionalismo. Não tivemos coragem de mexer em nada.” Uma homenagem a Pedro Mans está programada para acontecer neste domingo, a partir das 9 horas, na Igreja Evangélica de Vera Cruz, na área central do município.
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Pedro foi o último a sair de encontro com amigos
Era a noite de sábado, 1º de agosto, quando o jovem Pedro Mans, de 20 anos, havia ido até a casa de uma amiga em Vila Progresso, Vera Cruz. O objetivo era aproveitar o clima ameno e o final de semana para um encontro, com uma roda de amigos em torno de uma pequena fogueira a céu aberto, no pátio da residência. Nas primeiras horas de domingo, 2 de agosto, as poucas pessoas que compareceram ao encontro já tinham ido embora.
Pedro foi o último a sair, movido pelo cuidado em garantir que a chama da fogueira apagasse aos poucos e não se alastrasse. Por volta das 4h15, em sua motocicleta Honda CG Titan azul, pegou a estrada de Vila Progresso rumo à sua casa, no Bairro Imigrante, quando foi atingido por um Fiat Punto branco. O motorista do automóvel teve apenas escoriações leves. Pedro, no entanto, sofreu graves lesões.
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Recebeu os primeiros atendimentos no Hospital Vera Cruz, sendo transferido ainda pela manhã ao Hospital de Pronto Socorro de Canoas, referência em traumatologia. Já na Região Metropolitana de Porto Alegre, passou por uma cirurgia e recebeu mais de nove litros de sangue, após ter uma das pernas amputadas. Acabou não resistindo aos ferimentos e morreu às 21 horas, vítima de um choque hemorrágico, em razão de politraumatismo de membros.
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