Morre o ilustrador rio-pardense Benicio

Faleceu nesta terça-feira, 7, aos 84 anos, o ilustrador José Luiz Benicio. O rio-pardense foi homenageado, com o Prêmio Tuio Becker, no 4º Festival Santa Cruz de Cinema, que encerrou na semana passada. Ele sofreu um AVC no ano passado e, depois disso, continuou trabalhando em casa. O artista não esteve no evento, pois estava internado em um hospital do Rio de Janeiro.

Para a diretora do Sesc de Santa Cruz e também responsável pela indicação de Benicio à homenagem, Roberta Pereira, o Brasil perde um grande artista, com uma carreira maravilhosa. “Que bom que fizemos esta homenagem neste ano. Podemos destacar o trabalho dele, um trabalho que merece ser conhecido e visto. É um legado que fica não só para o cinema, mas para a ilustração, para a publicidade. Que ele descanse em paz.”

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História

Nascido em Rio Pardo, residiu desde os 4 anos em Porto Alegre, até se mudar para o Rio de Janeiro na década de 1950. Começou a desenhar aos 16 anos. Foi radicado em terras cariocas que ele realizou sua destacada obra, que inclui materiais para inúmeras áreas da comunicação nacional e mais de 300 pôsteres de filmes brasileiros.

Além da significativa contribuição para o cinema, um dos pontos altos do trabalho do artista sempre foi sua excelência ao desenhar a figura humana, especialmente as mulheres. Retratando atrizes e personagens belas e sensuais, ganhou o título de “mestre das pin-ups brasileiro”. Entre as técnicas dominadas por ele, a mais utilizada em seus trabalhos foi o guache, pela maleabilidade no uso da tinta e pela rapidez da secagem. Entre suas referências, citou anteriormente os ilustradores americanos Norman Rockwell e Austin Briggs.

Porém, não foi apenas ao cinema que esse mestre das artes gráficas emprestou seu talento. A produção do rio-pardense inclui ainda trabalhos na publicidade, tanto no Brasil quanto em âmbito internacional, com capas de livros, revistas, discos e outros produtos. No ramo da publicidade, Benicio trabalhou para importantes agências do Brasil, como McCann Erickson, Denison e Artplan, nesta por 20 anos, ilustrando campanhas para grandes marcas nacionais e internacionais, como Banco do Brasil, Esso, Coca-Cola e Stella Artois. Ainda jovem, na Rio Gráfica realizou trabalhos para as revistas Cinderela, Querida e Radiolândia.

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O desenhista ilustrou capas e matérias para diversas publicações da indústria editorial brasileira, como Playboy, Veja e Isto É. Assinou aproximadamente três mil capas para coleções de pocket books, da extinta Editora Monterrey. As ilustrações de capa das séries literárias Gisele, A Espiã Nua que Abalou Paris e A Espiã Brigitte Monfort povoaram o imaginário dos leitores brasileiros. Criou diversas capas de discos para a indústria fonográfica nacional e também foi responsável pela ilustração no rótulo da Catuaba Selvagem, inspirado no personagem Conan, O Bárbaro.

Entre as obras mais conhecidas do ilustrador estão os cartazes dos 30 filmes de Os Trapalhões entre os anos 1970 e 1980, o sucesso de bilheteria Dona Flor e Seus Dois Maridos, a comédia A Super Fêmea, estrelada por Vera Fisher; Rei Pelé, de 1962; além dos filmes O Beijo no Asfalto e Elke Maravilha contra o Homem Atômico. Para o pôster do drama histórico Independência ou Morte, por exemplo, o ator Tarcísio Meira, que viveu Dom Pedro I, posou ao vivo para o artista enquanto era desenhado. Benicio também desenvolveu dezenas de títulos da pornochanchada brasileira. Sua atuação junto ao cinema durou até o começo da década de 1990, quando as técnicas digitais substituíram o trabalho manual dos ilustradores.

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Prêmios e livros

Em cinco décadas de trabalho, Benicio recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais pelo seu trabalho, incluindo o Grand-Prix de ilustração no Prêmio Colunistas de 1986, o prêmio de ilustração arquitetônica do Instituto dos Arquitetos do Brasil em 1990 e o Prêmio Claudio Seto recebido durante a Bienal de Quadrinhos de Curitiba em 2018.

A editora Reference Press publicou em 2011 o art book Sex&Crime: The Book Cover Art of Benicio, que ganhou um segundo volume em 2014, após uma campanha de financiamento coletivo. A Editora Opera Graphica publicou em 2012 E Benicio Criou a Mulher, escrito pelo jornalista Gonçalo Junior, contando a história pessoal e profissional do artista. Com mais de 200 ilustrações, o livro é a edição revista da obra Benicio – Um perfil do mestre das pin-ups e dos cartazes de cinema, do mesmo autor, lançada em 2016.

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Em 2021, exemplares de sua obra foram anexados ao acervo da Funarte, reconhecendo a contribuição do artista para as artes gráficas brasileiras.

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