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SPFW

Morre modelo que passou mal e desmaiou durante desfile

Uma tragédia marcou o encerramento da São Paulo Fashion Week, no último sábado, no galpão Arca, na Vila Leopoldina. A morte do modelo Tales Gomes Alvarenga Soares, conhecido como Tales Cotta, que teve um mal súbito durante o desfile da marca Ocksan, e caiu em plena passarela, é algo sem precedentes na história da moda mundial. Apesar de o desfile ter sido imediatamente interrompido, e de Tales ter recebido pronto atendimento, ele não resistiu. O enterro está marcado para segunda, 29, às 17h, em Manhuaçu, sua cidade, em Minas Gerais. 

Aos 25 anos, o modelo não tinha histórico de ataque de epilepsia ou desmaios, de acordo com informações de familiares. A causa da morte ainda não foi revelada. “Estamos assustados, ele era muito saudável, praticava exercício todos os dias”, disse sua irmã Gabrielle Gomes, em entrevista ao site G1. Ela contou que minutos antes do desfile, havia conversado com Tales, ao lado de sua mãe Heloisa Gomes, por vídeo chamada. “Ele estava bem e disse que tinha acabado de comer um bolo de cenoura quando falou com a gente”, contou Gabrielle, desmentido os boatos de que Tales não havia se alimentado e a queda na passarela pudesse ter ocorrido em função da falta de comida. 

Vegetariano e formado em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo, Tales trabalhava como modelo desde os 18 anos, e tinha planos de se lançar na carreira internacional. Segundo uma nota oficial, o evento foi informado do falecimento do modelo pelo hospital às 18h50. O atestado de óbito registra horário da morte às 18h40. “Com esta notícia, a organização se reuniu com as marcas, diretores, stylists e modelos que tinham desfiles na programação, e foi dada a opção de cancelar os mesmos. Mesmo abalados, todos decidiram manter os desfiles”, diz a nota. 

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Foi decidido também pelo minuto de silêncio na abertura de cada apresentação. “Estamos prestando toda assistência necessária neste triste momento”, diz a assessoria de imprensa da SPFW. O clima de luto tomou o evento, mas o fato dos shows prosseguirem causou enorme discussão nas redes. Qual seria o protocolo para uma situação tão inesperada?

De fato, essa foi uma temporada de perdas incalculáveis, que começaram meses atrás com o anúncio da saída de grandes marcas como a Osklen. Para equilibrar o line up, cinco marcas jovens foram convidadas a ingressar no evento. Enquanto estilistas veteranos movimentaram cartões postais da cidade (Reinaldo Lourenço fez seu show no Farol Santander e Lenny Niemeyer na Pinacoteca), a maioria dos desfiles foi feita no Arca, um galpão desativado que pertence ao grupo Votorantin, na Vila Leopoldina.

Essa região do bairro, próxima ao Ceagesp, anseia por uma revitalização e vem sendo sondada por empreiteiras que vislumbram fazer dali um polo de startups e co-workings. Por um lado, foi bom arrastar a turma da moda, concentrada nos Jardins e em Pinheiros, para vivenciar a realidade de outros lados da cidade. Por outro, o lugar é inóspito. Nas redondezas do Arca, ruas entulhadas, com péssima conservação e acampamentos de usuários de crack, deixavam a chegada desoladora. A falta de ar condicionado também tirou a boa vontade de quem trabalhou e de quem assistiu aos shows. 

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Nesse contexto, duas das cinco marcas estreantes, Flavia Aranha e Piet, tiveram seus desfiles naturalmente ofuscados pela morte de Tales, já que ocorreram logo após a fatalidade. Não só isso. Elas foram severamente questionadas, assim como a organização, sobre a conduta de dar continuidade ao show mesmo após a notícia da morte.

A marca de Flavia, um statement da moda sustentável brasileira, havia sido deixada para o final, justamente, por ser uma das maiores apostas. Trata-se de uma marca com conceito social e ecológico, que elabora matérias-primas de artesãos da Amazônia, do sertão nordestino e de vários pontos do País, priorizando o algodão orgânico e o tingimento natural. Ou seja, segue uma filosofia nobre e totalmente alinhada com os anseios dos novos tempos. Agora, porém, vem sendo questionada por sua postura humanitária. Realmente, motivos não faltam para lamentar essa semana de moda.

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