Se na quarta-feira, 15, os brasileiros lamentaram a morte de um de seus mestres contemporâneos na literatura, o mineiro Rubem Fonseca, aos 94 anos, nesta quinta-feira, 16, a América Latina perdeu mais um expoente das letras. O romancista chileno Luís Sepúlveda morreu aos 70 anos, em Oviedo, na Espanha, país no qual estava radicado, morando na cidade de Gijón. E o passamento de Sepúlveda é ainda mais chocante por ter sido ele uma das milhares de vítimas da Covid-19. Ele estava hospitalizado há um mês e meio, por ter contraído o coronavírus, e acabou não resistindo.
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O autor chileno é mundialmente conhecido por um romance lançado em 1989, Um velho que lia romances de amor, cujo enredo se passa na floresta amazônica. Nesta curta porém impactante narrativa, Sepúlveda apresenta a história de um homem de idade muito simples e humilde, profundo conhecedor dos humores e dos recantos da floresta, chamado António José Bolívar Proaño. Ele se refugia junto de indígenas após a morte da esposa, e tem o único grande prazer de ler romances de amor.
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No Brasil, a editora Ática lançou sucessivas edições desse livro, em tradução de Josely Vianna Baptista, diante do sucesso de vendas que constituiu, desde 1995, sendo a mais recente de 2006. A obra foi adaptada para o cinema em 2001, com direção de Rolf de Heer, numa produção francesa, com Richard Dreyfuss no papel principal.
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Na esteira do sucesso de recepção deste romance, em 1992 lançou outro livro de viés ambiental, Mundo do fim do mundo, também lançado no Brasil, pela Relume Dumará, em 1997. O enredo está centrado em personagem que parece um alter-ego do autor: um chileno exilado na Alemanha por questões políticas, jornalista e defensor da natureza, viajante e apreciador das coisas boas da vida (vinhos, amizades, amor, bons pratos e longas conversas).
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Mais adiante, em 1998, outro de seus romances chamou a atenção, Diário de um killer sentimental, no Brasil lançado pela mesma Relume Dumará, em 2006. Os brasileiros ainda encontram alguns livros infanto-juvenis dele, como O gato que ensinou uma gaivota a voar (pela FTD), também editado como História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, na Companhia das Letras, e ainda História de Mix, Max e Mex, que acabara de ser lançado pela Companhia das Letrinhas, em 2020, em tradução de Eduardo Brandão (R$ 39,90).
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Agora, Luís Sepúlveda é mais uma voz da melhor literatura a silenciar. Ficarão seus livros falando cada vez mais forte e iluminando cada vez mais longe dentro de cada leitor.
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Nascido em 1949, em Ovalle, no Chile, Sepúlveda escreveu cerca de 20 livros ao longo da vida. Envolveu-se com política muito cedo. Em 1969, ganhou uma bolsa para estudar cinco anos em Moscou. Depois de cinco meses foi expulso por atentar contra a moral proletária – ele supostamente havia mantido contato com dissidentes soviéticos. Comunista e depois socialista, ele deu o nome de Carlos Lenine a um de seus filhos. De volta ao Chile, foi aliado de Salvador Allende e depois preso na ditadura de Pinochet. Foi exilado. Desde 1997 vivia na Espanha.
Com informações de Estadão Conteúdo.
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