“O Várzea e o Navegantes pedem socorro” foi a frase gritada diversas vezes na manhã deste sábado, 8, na BR-471, em frente à entrada do Bairro Várzea, em Santa Cruz do Sul. Por volta das 8 horas, um grupo de moradores dos bairros mais atingidos pela enchente na cidade se encontrou em frente da Escola Guido Herberts com pedidos de melhoria no bairro. Com orientações e bloqueio de trânsito da Guarda Municipal, os cerca de 20 moradores presentes se deslocaram com cartazes e apitos para a beira da faixa.

Entre os pontos solicitados pelo grupo, estão: limpeza de bueiros, doação dos móveis para atingidos, agente de saúde para o bairro, mais cestas básicas, menos burocracias para o recebimento do auxílio e reconstrução da taipa. “Queremos saber das doações de móveis, que estão no Pavilhão da Igreja mas não recebemos ainda. Também pedimos a reconstrução da taipa, que é algo que ajuda a enchente chegar forte”, diz Francine Yoná de Almeida, uma das organizadoras e moradora do bairro há 27 anos.

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No início de maio, uma reunião foi realizada com autoridades da Prefeitura. No momento, os representantes do bairro dialogaram sobre os prejuízos obtidos pelas chuvas e a necessidade por melhorias na localidade. Segundo os manifestantes, não foram mais vistas equipes técnicas buscando sanar as mudanças solicitadas. Sem os reparos, o medo de uma próxima enchente segue na população da região

“A gente não consegue dormir tranquilo de noite com uma garoa. No primeiro final de semana depois da enchente choveu algumas horas e já estava alagando de novo. A gente tem um inverno pela frente, e vamos ficar como? Vamos ter que sair de casa de novo?”.

Questionou o jardineiro Braian Gabriel de Jesus.

Por isso, eles se organizaram por grupos de whatsapp para irem até as ruas e persistirem em suas reivindicações. “Antes dessa catástrofe, já dava enchente. O pessoal saia das casas, voltava. Agora já nos organizamos, fizemos reivindicações, mas a principal delas é investimento. Os vizinhos falam que são mais de 30 anos que ninguém investe em nada, principalmente no Navegantes que é o mais atingido sempre”, explicou o professor aposentado Paulo Rigo, no Várzea há seis anos.

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Luta antiga

Neste primeiro protesto realizado, os moradores comentaram que os problemas que pedem solução são antigos. “A prefeita disse que de imediato não vai acontecer uma mudança. Eu queria que ela esclarecesse o que seria imediato, pois a Várzea convive com isso desde os anos 2000. São anos vendo o problema e não conseguindo solucionar, o que seria mais imediato que isso?”, perguntou Braian Gabriel de Jesus.

Posicionamento

A Prefeitura foi questionada sobre os anseios manifestados pelos moradores do Bairro Várzea e localidade de Navegantes. O posicionamento:

A Prefeitura de Santa Cruz do Sul vem trabalhando intensamente e ininterruptamente no atendimento às vítimas da enchente. Primeiramente, em ações emergenciais para o acolhimento às pessoas que foram diretamente afetadas, com seus lares atingidos. Em seguida, com o Programa Superação, já atendeu em todo o Município 6.978 famílias com alguma doação, distribuiu 8.854 kits de alimentação, 5.789 de higiene e 4.567 de limpeza, e preparou 48.900 refeições. Em relação aos móveis, já foram 224 famílias contempladas na cidade com conjuntos completos. Mais de 500 cargas de caminhão já foram retiradas de entulhos, várias ruas receberam cascalho, e a maior parte dos bueiros na Várzea já foram limpos. Diversas ações com agentes de saúde e endemias também foram realizadas no bairro, combatendo doenças como a dengue e leptospirose. Os esforços continuarão pelo tempo que for necessário, com diversos serviços assistenciais e também de acesso a moradias temporárias e definitivas em áreas seguras, por meio de aluguel social ou estadia solidária, além de novos loteamentos habitacionais e compra de terrenos para construção de moradias pelos atingidos. Autônomos e microempresários também já contam com linha de crédito com juros e encargos subsidiados, e prazo de carência estendido, por meio do Banco do Povo.

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