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Moradores do Santo Inácio enfrentam problemas com sanga

Moradores da Rua Padre Anchieta, no Bairro Santo Inácio, em Santa Cruz do Sul, que tiveram as casas invadidas após uma chuva forte que atingiu a cidade no dia 28 de janeiro, ainda contabilizam os estragos e pedem providências. O acúmulo de água que se formou, vindo de regiões mais altas como da cascata do Retiro Loyola e de outros pontos, transbordou a sanga que passa nos fundos dessas residências e faz divisa com o Condomínio Costa Leste.

Como consequência, o muro desse condomínio desabou e estruturas como galpões e outras peças de alvenaria, construídas por vizinhos do condomínio, foram soterradas. A água barrenta em grandes proporções entrou nas casas de algumas pessoas, que tiveram móveis e eletrodomésticos danificados, além de vários mantimentos perdidos. No último dia 12, com a chuva de 70 milímetros registrada no município, que gerou alagamentos em diversas ruas da área urbana, as residências foram novamente invadidas pela água.

Moradora da casa de número 30, Nelcinda Marquardt, de 71 anos, conta que a água entra no imóvel sempre que chove forte. Segundo a aposentada, na chuvarada que ocorreu no final de janeiro, a água subiu mais de um metro de altura e, para se proteger, ela teve que ficar sobre uma mesa até a chegada de um familiar que conseguiu resgatá-la. “Nos últimos tempos, quatro vezes já entrou água dentro de casa, mas como desta vez nunca tinha acontecido. Pensei que fosse morrer ali, foi tudo muito rápido e o portão do pátio ainda estava trancado, minha família não conseguia abrir para entrar”, relata.

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Márcia e Solange Marquardt: galpão da mãe acabou soterrado com a queda do muro | Foto: Alencar da Rosa


As filhas de Nelcinda, Márcia e Solange Marquardt, não escondem a preocupação. Segundo elas, há falta de escoamento da água da sanga. “A mãe mora aqui desde 1979 e, sempre que chove, corremos para a casa dela, porque nosso maior medo é essa sanga que está obstruída com galhos e folhas e não tem vazão suficiente para a água ir embora. Sempre achávamos que um dia isso poderia colocar em risco a estrutura do muro. E foi o que aconteceu”, observa Márcia.

Na casa ao lado, Valmor e a esposa Gisele Lima também cobram agilidade por parte da Prefeitura. “Algo precisa ser feito, porque todo o paralelepípedo da Rua Santa Mônica, que fica próximo, foi danificado, e as pedras continuam soltas. Ninguém faz nada”, salienta. Valmor, que tinha uma pequena oficina de alvenaria nos fundos da residência recebeu uma ajuda financeira da empresa João Dick, que alegou se tratar de uma responsabilidade social e de boa vizinhança auxiliá-los – Nelcinda, que tinha um galpão, onde eram guardadas ferramentas e outros equipamentos, também recebeu a ajuda, assim como os moradores que tiveram prejuízos com móveis e outros objetos.

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Além da limpeza da sanga e da ampliação da rede, os moradores cobram que a Prefeitura faça o recolhimento de entulhos e de móveis que seguem sobre as calçadas desde as enxurradas. Eles temem pelo risco de novas inundações e alagamentos, caso volte a chover forte.

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SITUAÇÃO
A empresa João Dick, empreendedora do Condomínio Costa Leste, construiu um aterro para facilitar o acesso da Prefeitura para refazer a rede e construir uma caixa de captação com maior vazão. Posterior a isso, um novo muro será construído. Conforme o empresário João Dick, a queda da estrutura foi uma consequência da água estagnada na sanga vinda de regiões mais altas. “A água não veio do Costa Leste nem do Reserva dos Pássaros. Temos lagos de retenção e reservatórios de retardo das águas que funcionam perfeitamente. A água veio de regiões mais altas. Para se ter ideia, a quantidade que passou na cascata do Retiro Loyola chegou a arrancar pedras enormes, e isso tudo foi para a sanga, que não tem muita vazão e, por estar entupida em alguns pontos, escorreu para fora”, observa.

Uma reunião já foi realizada pela Prefeitura com os moradores. “Vamos aguardar a Prefeitura, que já começou a fazer a limpeza das bocas-de-lobo no bairro e que futuramente deverá fazer uma nova tubulação, com maior vazão. O muro desse condomínio foi construído há mais de 20 anos e nunca deu problema algum. Mas o entupimento nos canos do bairro é um problema gradual”, acrescenta Dick. Em nota, a Prefeitura afirmou que já iniciou a escavação com uma escavadeira hidráulica para verificar onde ocorreu o possível entupimento. Segundo o engenheiro da Secretaria Municipal de Planejamento, Dorli Pereira, assim que possível será dada sequência ao serviço no local.

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