ATUALIZADO ÀS 10h28
O anúncio de que novas obras serão realizadas no Lago Dourado para construir um complexo de lazer fez com que muitos moradores do Bairro Várzea ficassem preocupados. Na manhã desta sexta-feira, 29, cerca de 30 pessoas se reuniram em frente ao Ministério Público de Santa Cruz para protestar contra a realização do projeto. Em entrevista à Rádio Gazeta, manifestantes relataram que as intervenções no local podem acabar trazendo transtornos e aumentando as enchentes no bairro onde residem.
Moradora desde 2003 na localidade, Zeni Terezinha Hoppe foi responsável por liderar a criação de um abaixo-assinado que pedia pela limpeza do Rio Pardinho. “Eu fiz isso porque toda a vez que saímos de casa e chove ficamos com o coração na mão. Pedimos que façam não só a limpeza, mas também tirem esse cascalho de dentro do rio”, explicou. Segundo Zeni, mais de 300 famílias apoiaram a causa e assinaram o documento. “É uma espécie de ‘terror psicológico’. Toda vez que chove a preocupação aumenta. Se aterrar mais o Lago Dourado, a água vai entrar mais nas nossas casas”, lamentou.
Publicidade
Também morador do Várzea há muitos anos, Clério Roberto Toiller lembrou que a noite de Natal foi bastante traumática para os habitantes da localidade. “Tivemos que ficar erguendo os móveis e cuidando do pouco que temos para não peder. Essa obra no lago vai impactar mais ainda, vai dificultar. A água vai vir com mais força”, acrescentou. O manifestante também alertou que a população do bairro se preocupa com a falta de investimentos para evitar que novos problemas ocorram. “Não podemos ser esquecidos. A gente só pede para manter o Arroio Lajeado limpo, o Rio Pardinho também. Resolver não vai, mas ameniza nossa situação”, disse.
Os moradores também reivindicaram uma resposta sobre um suposto estudo de impacto ambiental que teria sido feito pela Prefeitura. “Queremos saber se ele existe mesmo, como ele é realizado e se esse impacto pode piorar nosso caso. Eles não dizem nada, isso para nós é angustiante”, finalizou Clério.
Prefeitura rebate manifestação
Publicidade
Em entrevista à Rádio Gazeta, o secretário municipal do Meio Ambiente, Raul Fritsch, contestou a atitude dos manifestantes e disse que não há motivos para preocupação. “O projeto do Lago Dourado é do final da década de 90. As enchentes no Várzea ocorrem desde muito antes. Já comprovamos que não vai ter impacto nenhum para os moradores”, disse. Na época em que o complexo foi projetado, segundo Fritsch, um estudo inicial sobre os impactos ambientais já havia sido efetuado. “Foi constatado que não há impacto algum no bairro. O Lago Dourado nunca influenciou nas enchentes de lá”, acrescentou.
Raul Fritsch também reforçou que a Prefeitura realiza ações de prevenção contra os possíveis transtornos ocasionados pelas chuvas. Desde 2013, de acordo com o secretário, ações como a limpeza de arroios e a busca pela desassoreamento do rio são efetuadas na tentativa de amenizar a situação. “As pessoas se dizem preocupadas, mas deveriam olhar o que nós fazemos. Esses dias o presidente da Associação de Moradores do Bairro Várzea foi lá agradecer a Prefeitura. Esse sim representa os moradores. Esses protestantes, não. Eles querem arrumar confusão”, acrescentou.
Publicidade
This website uses cookies.