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São Paulo

Moradores de rua são vítimas da cultura de exclusão, diz missionário

A morte de cinco moradores de rua em São Paulo nos últimos cinco dias, possivelmente em razão do frio, desperta preocupação com a falta de acolhida a essa público. Para o missionário Simone Bernardi, responsável pelo Abrigo Arsenal da Esperança, a questão é resultado da cultura de exclusão, reflexo da sociedade atual.

“Estamos numa sociedade que não quer acolher ninguém. Quer tirar o problema e colocá-lo embaixo do tapete. Nós, muitas vezes, somos o tapete”, declarou Simone. O Arsenal da Esperança existe há 20 anos e recebe diariamente 1,2 mil pessoas. São 1150 vagas fixas e 50 rotativas, além de 50 vagas emergenciais durante o inverno.

Os recursos, segundo ele, vêm da prefeitura, que contribui com 60%. O restante chega em forma de doações. A casa, uma antiga hospedaria de imigrantes na zona leste, na Rua Doutor Almeida Lima, 900, foi cedida em comodato para a comunidade Fraternidade da Esperança, ligada à Igreja Católica. Ao longo do ano, cerca de 300 voluntários se revezam para manter o funcionamento do local.

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São recebidos apenas homens, que eles respondem por 82% da população em situação de rua na capital, conforme censo encomendado pela prefeitura. “Quando começamos esse trabalho há 20 anos, praticamente não tinha casas de acolhida em São Paulo. A exigência era dar uma resposta grande à população masculina”, lembrou Simone Bernardi.

Horários flexíveis

Diferente de outros albergues onde a rigidez com horários aumenta a rejeição de muitos moradores de rua, o Arsenal da Esperança funciona 24 horas por dia e tem flexibilidade de horários de entrada e saída. A acolhida começa às 16h e segue até 21h30.

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“O horário serve para organizar a casa, mas se a pessoa chega bem depois do horário de acolhida não deixamos ninguém de fora. Entretanto, a pessoa precisa se justificar. Tem um serviço social interno que faz um acompanhamento pessoal”, esclareceu o missionário.

O horário de saída no dia seguinte é até 9h, embora alguns abrigados saiam muito mais cedo. “Começamos a servir o café da manhã às 4h30, porque tem gente que atravessa a cidade a pé para entregar um currículo, por exemplo, e não tem condição de pegar um metrô”, informou. Os moradores fixos utilizam sempre o mesmo leito no dormitório e contam também com armários para guardar seus pertences.

Aproximadamente 200 pessoas permanecem na casa o dia todo por estarem doentes ou porque realizam algum dos cursos internos. “Esse não é um depósito de pessoas. É uma casa onde cada um tem um nome, um sobrenome, uma situação. Tem gente que chega sem a roupa do corpo. Tem gente que perdeu o emprego e não conseguiu mais alugar o quarto onde estava e foi para a rua. Então, é um universo muito grande”, acrescentou o missionário.

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