Grades, portões fechados e muros altos. Talvez, essa seja uma forma de se prevenir contra assaltos, roubos e possíveis agressões. Sabe-se que o Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, porém, violenta. As notícias em relação às ocorrências de facções e traficantes estão por todos os noticiários. Um edifício, em Copacabana, mudou toda a sua rotina para evitar que fossem roubados.
Três novas câmeras de segurança foram instaladas no edifício Montes Claros, localizado na Zona Sul do Rio. Deixar a porta encostara para pôr o lixo para fora? Nem pensar. O motivo: Um bando de pilantras que vem furtando comida e pequenos objetos dos apartamentos.
Porém, antes que desejem que o grupo seja preso pela Polícia Civil, ou questionar se a Brigada Militar não foi notificado… Basta pensar em quem são os responsáveis. Peludos, muito ágeis e medem entre 20 a 30 centímetros. Considerados bonitinhos para alguns, porém traiçoeiros.
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São micos. “Outro dia houve uma confusão no corredor. Ouvi pessoas gritando: “Pega, pega”. Quando abri a porta e vi aquele corre-corre, achei que era um assalto. Na verdade eram os micos, que tinham conseguido chegar ao 11º andar,” conta o jornalista Silvio Barsetti, ao jornal Extra
Um grave problema
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Foi necessário convocar uma assembleia geral extraordinária, em caráter de emergência. A reunião, proposta pelo síndico, ocorreu no mês passado. Uma pauta de discussões foi proposta para a quarta-feira, 20 de abril. E, apesar de ser, geralmente, uma lista, um único item foi disposto: “Deliberação com relação à invasão de micos no condomínio”.
Na ata, ficou registrado a determinação a multa de um salário mínimo para moradores que forem flagrados alimentando os micos. Também, ficou claro que, caso alguém tente envenenar os animais, o condomínio pode ser multado pelo Ibama. Sérgio Vieira, de 85 anos, é síndico há 16 anos e nunca viu algo dessa proporção. “O prédio está infestado. Os micos sujam as dependências, urinam e defecam nas cozinhas. Uma moradora vive com o pai, de 94 anos, e é obrigada a deixar tudo fechado porque os animais já urinaram na casa dela,” conta.
Vieira acredita na hipótese de que eles se aproximaram em busca de alimentos. “Tem pessoas que acham os animais bonitinhos e dão comida a eles. Os micos se acostumaram com essa docilidade e passaram a explorar outras áreas do prédio,” diz.
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O habitat dos animais é uma área de mata fechada, localizada numa zona militar. Eles estão aos fundos do condomínio, o que torna fácil a invasão. Para resolver a situação, Sérgio contatou o Ibama e o Corpo de Bombeiros, mas nada foi resolvido. “O Ibama disse que caberia ao Corpo de Bombeiros resolver a situação. Já os bombeiros disseram que se fosse para capturar dois ou três micos eles viriam, mas que uma infestação de micos eles não podiam resolver”, explica.
Nota do Ibama
O Ibama emitiu uma nota, com o objetivo de se posicionar pela situação. No comunicado, eles declararam que “Retirar a família de seis saguis que está entrando nos apartamentos de um prédio em Copacabana não é função do Ibama. Se os animais estiverem ameaçando de fato a segurança das pessoas, o síndico deve acionar os bombeiros ou o órgão ambiental estadual (o INEA), que, se precisarem de apoio técnico, acionarão o Ibama para auxiliar nesta tarefa.”. Leia na íntegra:
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“Os saguis de tufos-brancos (Callithrix jacchus) e de tufos-pretos (Callithrix penicillata), ambos conhecidos como micos-estrela, vieram das regiões Nordeste e Centro-Oeste. Chegaram por aqui pelas mãos dos traficantes de fauna silvestre para serem vendidos como animais de estimação em feiras livres e lojas clandestinas, mas acabaram sendo soltos na cidade.
Hoje se espalharam pelo Rio de Janeiro e por outros estados do Sudeste e do Sul do país, onde ameaçam a sobrevivência de diversas espécies de animais nativos da Mata Atlântica.
Retirar a família de seis saguis que está entrando nos apartamentos de um prédio em Copacabana não é função do Ibama. Se os animais estiverem ameaçando de fato a segurança das pessoas, o síndico deve acionar os bombeiros ou o órgão ambiental estadual (o INEA), que, se precisarem de apoio técnico, acionarão o Ibama para auxiliar nesta tarefa.
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De todo modo, a retirada dos animais só ocorre em último caso. Eles estão se aproximando do prédio porque os moradores estão oferecendo comida ou deixando alimentos desprotegidos. Ou seja, capturar esse grupo, mas não mudar o comportamento dos moradores, não vai solucionar o problema. Provavelmente, em pouco tempo, outros micos irão ocupar o mesmo local.
Não se deve nunca alimentar animais silvestres sob o risco de se interferir para pior no equilíbrio da natureza”.
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