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SANTA CRUZ

Moradores da Praça Getúlio Vargas querem oportunidade para voltar a trabalhar

Foto: Rafaelly Machado

Falta de oportunidade é a justificativa apresentada por três homens que moram na rua em Santa Cruz do Sul. Eles adotaram a Praça Getúlio Vargas como espaço para se abrigar. O trio faz parte de um grupo que fica concentrado nos fundos do Quiosque, com dez a 15 pessoas. O alcoolismo fechou as portas para muitos deles que, agora, sofrem com a dificuldade para reabri-las. Por vezes, eles buscam refúgio no Albergue Municipal, aberto diariamente a partir das 20 horas.

André Luiz dos Santos, de 47 anos, é taxativo. “Ninguém gosta de viver na rua”, afirma. Santa-cruzense, ele explica que tem experiência na construção civil. “Me dá uma planta que eu levanto a casa”, garante. Segundo André, a Prefeitura fornece roupas quando solicitam. Em relação à alimentação, pessoas da comunidade os auxiliam. “Tem muita gente boa, que nos dá comida”, comenta.

Paulo Rogério Rodrigues, de 38 anos, trabalhou como auxiliar de produção em indústrias fumageiras e na metalurgia. Para voltar a trabalhar, aguarda a confecção de documentos. Os antigos foram extraviados. “Quero conseguir um emprego. Preciso dos documentos e de uma oportunidade.” O empecilho na busca desse objetivo, segundo ele, é o alcoolismo. “O problema é o vício pela bebida”, resume.

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Com 49 anos, Rodinei de Souza é servente de pedreiro. A falta de perspectiva diante da escassez de serviços o conduziu à vida nas ruas. Questionado sobre o preconceito que eventualmente possa sofrer, assegura que isso parte de uma minoria. “O pessoal sabe que somos de respeito. Com a maioria das pessoas, é tranquilo”, avalia. Tanto Paulo como Rodinei são de Santa Cruz do Sul.

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Crédito: Rafaelly Machado

Pedestres reclamam de importunação
Por: Paola Severo

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A presença dos moradores em situação de rua já é de conhecimento da Prefeitura e das forças de segurança. Um empresário ouvido pela Gazeta do Sul relatou problemas com alguns dos homens, que o teriam ameaçado e a outros comerciantes da região central. Para a secretária de Políticas Públicas e Assistência Social, Guiomar Rossini Machado, as tentativas de levar o grupo para o albergue, onde podem dormir e usufruir de toda a estrutura, costumam ser em vão. “No albergue não pode usar drogas, nem estar alcoolizado, e muitos preferem ficar na rua”, conta.

Uma oportunidade para os moradores pode surgir a partir do mês que vem, conforme Guiomar. A Secretaria de Políticas Públicas oferece mais uma edição do Projeto Mão na Massa, com uma turma voltada para pessoas em situação de rua e que frequentam o albergue. “É para tentar resgatar esses moradores, para que ele possam ter um auxílio ou um emprego. Não é o correto eles ficarem na rua, mas vai além das políticas públicas”, afirma.

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Pedestres costumam se incomodar com a presença dos moradores, segundo o coordenador da Guarda Municipal, Estor Iochims. “Temos uma preocupação voltada para esse ambiente, que envolve o lado social e público. Algumas pessoas reclamam, também têm o direito de ir e vir. Se não tiver nenhum tipo de perturbação com eles, tratamos como qualquer outra pessoa.”

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Quando há necessidade de intervenção, os agentes da Guarda Municipal encaminham os indivíduos para atendimento médico ou registro de boletim de ocorrência, mas no geral costumam acompanhar as ações das secretarias municipais junto a essa população.

Para o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Giovani Paim Moresco, apesar de algumas ocorrências de perturbação, a presença dos moradores de rua não está ligada a crimes na região da Praça Getúlio Vargas. “O que mais acontece na praça não são crimes de médio ou grande potencial ofensivo. Não há homicídio, latrocínio ou roubo na praça e faz muito tempo que não dá um furto. O que mais tem de ocorrência na praça são pessoas que se sentem importunadas por pessoas que ficam por ali.”

Em 2019, houve dois casos de brigas entre os moradores. Um deles acabou ferido e foi encaminhado para atendimento médico. Nessas situações, a BM registra a ocorrência e conta com o apoio da Guarda Municipal.

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