Ao subir a Rua João Werlang, o controle do trânsito feito pela Guarda Municipal demonstra os indícios deixados pelas chuvas intensas no Bairro Belvedere em Santa Cruz do Sul. No momento, o acesso está liberado somente para veículos leves. Desde a ordem da Defesa Civil, no dia 2 de maio, para que os moradores da área de encosta do bairro, nas partes alta e baixa, Travessão Krug e na Xurupita, no Bairro Margarida, deixassem suas residências devido ao risco de deslizamento e desabamento de terra, a realidade tem sido outra.
Em matéria publicada no Portal Gaz no dia 24 de maio, o secretário municipal de Segurança, José Joaquim Dias Barbosa, afirmou que o retorno não é recomendado porque ainda não é possível garantir a segurança no local. No entanto, basta uma passagem rápida pela região para perceber que algumas moradias que haviam sido esvaziadas, foram ocupadas novamente. Nesse sábado, a reportagem da Gazeta do Sul foi ao bairro e conversou com moradores. Na Rua Antônio Assmann, Neli Ana Siqueira, de 76 anos, retornou para casa há cerca de dez dias junto de sua companheira, a cachorra Nina.
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Quando seguiu a recomendação de evacuação no início de maio, Neli abrigou-se por três semanas na casa do filho, que reside na Avenida Léo Kraether. Porém, não deseja deixar sua residência novamente. “Espero que não me tirem de casa, é um bom lugar para morar”, acrescentou. Neli contou que mora há mais de 50 anos no bairro e apesar da situação trágica vivida em maio, manifestou não ter medo. “As pessoas perguntam, mas eu não tenho receio porque nunca aconteceu nada em casa”, declarou.
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Perto dali, Jefferson Kist, de 25 anos, relata a insegurança vivida pelos familiares que moram em outra casa na Rua Antônio Assmann. Ele reside atualmente em Rio Grande, mas veio ajudar a família que se abrigou por dez dias na residência de seu cunhado, no Bairro Arroio Grande. Eles retornaram ao Belvedere há uma semana e desde então vivem de incertezas, já que a estrutura do imóvel apresentou rachaduras em vários locais. “A casa está condenada, infelizmente. Essa semana minha mãe e minha irmã vão em busca de uma oportunidade de uma casa em outro lugar”, declarou.
Notificações
Também no sábado, equipes da Defesa Civil, coordenadas pela Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana, iniciaram a notificação das famílias que precisarão deixar as residências que estão em área de alto risco. De acordo com o responsável pela pasta, José Joaquim Dias Barbosa, a informação serve para que os moradores possam providenciar outra habitação. O Município, segundo ele, tem programas como o Aluguel Social, abrigos e, em breve, o Estadia Solidária.
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Contudo, a população não foi muito receptiva com os profissionais que passaram pelo Belvedere no sábado. Barbosa relatou que muitos não concordam com a saída e chegaram a ofender as equipes. Segundo ele, há áreas em que a movimentação do solo foi muito intensa, por isso as residências precisam ser desocupadas. Além disso, foram entregues notificações de alerta. Nesses casos, não há necessidade de a família deixar a casa, mas é preciso ficar atento em situações de chuva muito forte ou outras interpéries climáticas que possam agravar a situação.
Em virtude da falta de aceitação de alguns moradores, nesta segunda-feira, 3, haverá uma reunião para definição de como serão realizadas as abordagens nos próximos dias. Uma alternativa é a presença da Guarda Municipal ou da Brigada Militar durante as visitas.
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