Um problema que já dura mais de duas décadas segue causando transtornos aos moradores da Travessa Haun, no Centro de Santa Cruz do Sul. O trecho entre as ruas Thomaz Flores e Gaspar Silveira Martins sofre com constantes alagamentos que se intensificaram depois que as vias do entorno foram asfaltadas.
A correnteza sobre os pavimentos ao redor gera um volume tão grande de água que a única boca-de-lobo existente na travessa não dá conta, causando inundações nas casas e prédios. Conforme os moradores, basta uma chuva com maior volume para que os pátios das residências e os estacionamentos dos prédios sejam invadidos pela água.
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Durante a enxurrada de quinta-feira da semana passada, em alguns pontos a inundação alcançou mais de 1,5 metro de altura, causando prejuízos e deixando casas tomadas pelo barro, muros caídos e carros com perda total. Além disso, um dos bueiros cedeu e abriu um buraco na calçada, interditando a passagem dos pedestres e ameaçando a estrutura do prédio que fica em frente.
“Eu moro aqui há 11 anos e desde então isso acontece. Há muito tempo tentamos contato com a Prefeitura para ver se eles arrumam. Não queremos entrar em atrito com ninguém, mas já são todos esses anos que estamos tentando e nada foi feito”, diz Cassiano Kappaun.
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Segundo ele, quando a Rua Thomaz Flores foi asfaltada, em 2017, a vizinhança se mobilizou e solicitou junto à Prefeitura o aproveitamento dos operários e máquinas para fazer uma nova canalização na Travessa Haun. Contudo, não foram atendidos.
Cassiano questiona o asfaltamento constante das ruas de Santa Cruz do Sul, ao mesmo tempo em que não ocorrem ampliações das redes pluviais para o escoamento da águas da chuva. “O asfalto é muito bom, muito bonito, mas na questão das chuvas é horrível. O paralelepípedo vai sugando a água, enquanto no asfalto ela só corre”, afirma. A colocação de Cassiano é semelhante ao que disse a prefeita Helena Hermany (PP) em entrevista à Rádio Gazeta na semana passada sobre efeito da água nos diferentes pavimentos.
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Dias de chuva se tornaram motivo de medo e angústia para a vizinhança
Ainda que já estejam acostumados com os constantes alagamentos, o que ocorreu na quinta-feira da semana passada deixou os moradores com medo e receio. “Nós moramos no terceiro andar e quando o tempo começa a fechar a minha esposa fica na sacada e não dorme. Tenho três filhos, as crianças ficam muito assustadas e nervosas”, relata Cassiano. Ele não sofreu prejuízos em seu apartamento, mas a água que invadiu o estacionamento danificou o carro, além do elevador e a área externa do prédio.
No terreno ao lado, que fica no nível da rua, Arthur Reitzer teve a casa invadida pela enxurrada, bem como a academia, que fica nos fundos da propriedade. “Moro aqui há 41 anos. Não é hora de achar culpados ou responsáveis, nós queremos é uma solução para que não aconteça de novo”, afirma.
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Segundo ele, quando chove com maior intensidade, as ruas Thomaz Flores e Gaspar Silveira Martins parecem “dois rios” que desaguam na Travessa Haun. “Além de todos esses problemas, a via também está cedendo e nós nos preocupamos com isso. Aqui é uma região central, passam muitos carros, passa caminhão de lixo. Pode acontecer uma tragédia”, alerta.
A preocupação de Arthur é justificada pelo buraco que se formou na calçada em frente ao número 134. A rede de escoamento que passa pelo local não aguentou a força da enxurrada e desabou, deixando uma cratera com quase dois metros de profundidade. Além dos entulhos que podem ter obstruído a galeria – a única existente na Travessa –, o muro do condomínio já apresenta rachaduras que se estendem até o primeiro andar e podem estar comprometendo toda a estrutura, sendo este mais um motivo de aflição.
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Em 2011, segundo os moradores, esse problema já havia ocorrido, deixando um buraco que quase engoliu um carro que estava estacionado. Na época, a Prefeitura apenas realizou a desobstrução e reforçou as paredes da galeria, mas não efetuou a ampliação da canalização da rua. Após diversas tentativas frustradas, os moradores realizaram um abaixo-assinado com mais de 250 assinaturas. O documento será protocolado não somente no Executivo municipal, mas também na Corsan, Câmara de Vereadores e Ministério Público.
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Secretaria já vistoriou
A Prefeitura de Santa Cruz do Sul informou que já está ciente da situação da Travessa Haun. Um profissional de engenharia da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura já esteve no local avaliando a situação. A demanda está na programação para ser atendida, porém, ainda sem data definida. No momento, em razão da enxurrada da semana passada, oito equipes estão trabalhando nos reparos dos muitos estragos causados em praticamente toda a cidade.
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