Santa Cruz do Sul

Morador de Rio Pardinho teve casa levada e foi arrastado por mais de 100 metros pela correnteza

Passados 17 dias da enchente, quem circula pelo condomínio Recanto do Sossego, localizado em Balneário Panke, interior de Santa Cruz do Sul, às margens do Rio Pardinho, tem dificuldade de acreditar que ali havia ao menos 30 habitações. Na entrada, sobrou apenas a fundação. O poste onde ficava o controle de acesso está derrubado, e o portão desapareceu. Na área residencial, restaram apenas os alicerces do que um dia foram lares – para a maioria, um refúgio da vida urbana nos fins de semana.

O pedreiro Mauro Froemming, de 52 anos, construiu sua casa na década de 1990. Com cerca de 100 metros quadrados, a estrutura era composta por dois pavimentos, o primeiro de alvenaria e o segundo de madeira, estilo chalé. 

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Desde que se mudou para o condomínio, há seis anos, encarou alguns alagamentos. “A água subia um metro no máximo, só dava sujeira. No dia seguinte, já estava tudo tranquilo”, afirmou. Entretanto, jamais imaginou que um dia o segundo andar de sua residência seria alagado. Por volta das 14 horas, a correnteza levou o imóvel. Froemming escapou pela janela e foi arrastado mais de 100 metros pela água até um mato de eucaliptos. 

Junto com ele estavam sete vizinhos que, para sobreviver, se agarraram às árvores. Foram resgatados na madrugada do dia seguinte por um agricultor, após cerca de dez horas. Em um momento, um tronco por pouco não o atingiu. “Nessa hora achei que ia morrer”, desabafou. Saiu ileso, apenas com algumas escoriações nas mãos.

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Na tarde de quarta-feira, o pedreiro voltou ao condomínio para tentar recuperar mais objetos. Salvou apenas uma betoneira. Da sua casa, permanecia somente a fundação. Dias antes, encontrou o seu freezer, intacto, próximo ao lugar onde permaneceu até ser resgatado. No interior havia cerca de 50 quilos de carne, que irá utilizar para celebrar o aniversário neste sábado, 18. “Vou começar a fazer duas festas por ano”, disse. 

Froemming está residindo temporariamente na área urbana de Santa Cruz, no apartamento da companheira. Ele e os outros moradores não pretendem voltar a ficar no condomínio. “Acabou. Reconstruir mesmo, acho que ninguém vai. Vida que segue. Não adianta chorar pelos bens materiais, porque eles não vão voltar.”

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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