Três meses após as enchentes que atingiram o Vale do Rio Pardo, histórias inusitadas continuam a aparecer. Na ponte sobre o Rio Pardinho, uma misteriosa lápide de pedra foi encontrada por um morador três dias após a catástrofe climática. O enorme bloco de pedra estava na beira do rio. A cerca de 100 metros fica a casa do caminhoneiro Amaro Voese, 60 anos.
Em um primeiro momento, pensou que a pedra era o alicerce de um antigo salão que foi destruído durante a catástrofe climática. No entanto, ao verificá-la, constatou que havia uma cruz talhada no objeto. As informações sobre o falecido estavam deterioradas, impossibilitando a identificação. Apenas um detalhe era visível, uma data, 1852.
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Voese ficou impactado ao perceber que se tratava de uma lápide. “Foi difícil de acreditar”, desabafou. Com apoio de maquinários, transportou o bloco pesado para a frente de sua residência. Ele acredita que a lápide é de Alto Sinimbu. No entanto, a localidade fica a 30 quilômetros do ponto onde a enorme pedra, com mais de 200 quilos, foi encontrada.
No curso do Rio Pardinho, há pelo menos três cemitérios próximos da ponte. Um deles é o dos Genz/Panke, a cerca de 4 quilômetros. Mais adiante, na Linha 7 de Setembro, há ainda outros dois espaços de sepultamento.
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Conforme a assessoria de imprensa da Prefeitura de Sinimbu, não há registros a respeito de lápides desaparecidas. Ressalta, entretanto, que há vários cemitérios familiares no interior. Assim, a origem da lápide e sua identificação permanecem desconhecidas.
Catástrofe nunca vista antes causou danos à saúde mental
Voese mora na localidade da ponte sobre o Rio Pardinho há quase três décadas. Até então, não havia testemunhado uma enchente tão catastrófica. O motorista lembra com detalhes os acontecimentos do dia 30 de abril. Observava o nível do rio desde a madrugada. A cada hora, o volume ia aumentando e chegando próximo da residência.
Durante a tarde, a água alcançou a porta, algo inédito. Começou a mover os móveis e colocar o que podia em lugares mais altos. Pouco tempo depois, agarrou a esposa Dania pelo braço e fugiu para um lugar mais alto.
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No dia seguinte, ao retornar, deparou-se com a moradia intacta. Contudo, pelo menos dez casas foram destruídas. A sua estava tomada pela lama. “Não consegui salvar quase nada”, lamentou. Estima ter perdido pelo menos 60 galinhas, que morreram afogadas. O rebanho de ovelhas precisou ser vendido, pois não havia mais pasto para alimentá-lo.
Depois de muito trabalho, e com ajuda de voluntários, Voese recuperou a geladeira e o congelador. A família ainda contou com apoio de familiares para adquirir móveis e alimentos. Levou cerca de duas semanas para limpar tudo, utilizando somente a água do rio, já que o abastecimento estava comprometido.
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A vida, no entanto, não foi a mesma. A tragédia afetou a saúde mental de Voese e da esposa, que aumentaram o uso de medicamentos para depressão. Outro sintoma foi a insônia, sendo necessário medicamento para dormir. “Agora temos medo”, desabafou.
O cenário de destruição no entorno de sua casa atrapalha a superação do trauma. Segundo ele, com a força da correnteza, a paisagem da localidade foi completamente alterada. Antes da enchente, a beira do rio era coberta por árvores, arrancadas pela água. Agora, o caminhoneiro consegue avistar a estrada e as casas do outro lado do rio, o que era impossível anteriormente. “Não vai voltar a ser como era antes”, lamentou.
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