Até o fim da próxima semana, todas as 447 novas moradias populares construídas com recursos federais em Santa Cruz do Sul devem estar ocupadas, segundo a previsão da Prefeitura. A transferência das famílias contempladas para os loteamentos Santa Maria e Mãe de Deus teve início na manhã deste sábado, 7. Na tarde de sexta, houve um ato solene de entrega das casas, com a presença do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
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Um dos maiores investimentos habitacionais da história do município – atrás apenas do Residencial Viver Bem, que foi inaugurado em 2015 com 922 casas e custou R$ 47,9 milhões –, as obras, viabilizadas por meio do programa Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa, Minha Vida), vão garantir condições dignas de moradia para cerca de 1,8 mil pessoas que hoje vivem em áreas de risco, invadidas ou degradadas em diversos pontos da zona sul.
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Os trabalhos começaram em 2018 e a previsão inicial era de que fossem concluídas em abril do ano passado. São 163 casas no Santa Maria, no Bairro Carlota, e 284 no Mãe de Deus, no Bairro Santuário – em outubro, uma primeira leva de 116 residências já havia sido entregue no Mãe de Deus.
A entrega ocorreu após um longo período de espera, uma vez que os complexos já estavam prontos há meses. No fim de junho, pressionada pelos beneficiários do programa, a prefeita Helena Hermany (PP) chegou a acionar o Ministério Público Federal para tentar agilizar a formalização dos contratos. A confirmação da data, porém, saiu apenas na semana passada e os contratos foram assinados na última quarta-feira.
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Em seu discurso na solenidade, Helena lembrou que, diferente do Viver Bem, que foi erguido por meio de um financiamento e os moradores pagarão taxa mensal por dez anos, o Santa Maria e o Mãe Deus foram construídos com R$ 36,4 milhões obtidos a fundo perdido. “Isso significa que nem a Prefeitura nem os moradores precisarão pagar”, afirmou. Helena também destacou a participação decisiva na captação dos recursos da ex-senadora Ana Amélia Lemos, que compareceu à cerimônia como representante do governo estadual.
A prefeita lembrou ainda que a maioria das famílias atendidas encontra-se em situação de extrema vulnerabilidade social. “Foram adotados critérios bem rígidos para que realmente os mais necessitados fossem contemplados”, alegou. Segundo ela, essas pessoas poderão, a partir de agora, “reescrever a sua história de vida”. “Moradia se conecta com cidadania. Morar dignamente é estar inserido em uma cidade democrática e inclusiva.”
Neste sábado ocorre a remoção de 23 famílias que vivem em uma área ao lado da Escola Nossa Senhora Boa Esperança, no Bairro Santa Vitória, e de 63 famílias da Rua das Carrocinhas, no Loteamento Beckenkamp.
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O ministro Rogério Marinho chegou a Santa Cruz horas após entregar outro complexo habitacional em Foz do Iguaçu, no Paraná. Em seu discurso, ele exaltou o empenho do governo em retomar obras que estavam paralisadas e destacou a importância de investimentos na área habitacional. “Vocês passam a ter hoje a centralidade, a espinha dorsal, um ponto de referência. Façam deste local um local bonito, alegre, um lugar saudável para se viver”, disse, dirigindo-se às famílias contempladas com casas.
Apenas no primeiro semestre deste ano, mais de 190 mil habitações foram entregues por meio do Casa Verde e Amarela, beneficiando 700 mil pessoas. Marinho destacou ainda que o programa pratica atualmente a menor taxa de juros de sua história para financiamentos habitacionais.
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Também participaram da solenidade o senador Luis Carlos Heinze (PP) e os deputados federais Giovani Cherini (PL) e Heitor Schuch (PSB), além de autoridades locais.
Antes mesmo de se mudar para o novo lar, Galdino da Rosa recebeu na tarde de sexta-feira a sua primeira visita. Pouco antes da solenidade, o ministro Rogério Marinho e uma comitiva de autoridades entraram na casa de número 237 no Loteamento Mãe Deus, onde o aposentado de 70 anos irá viver, a partir da próxima semana, com a esposa Isane e a filha Catiel.
Para Galdino, a entrega da moradia encerra uma angústia de mais de três décadas. Natural de Cerro Branco, ele aguardava a oportunidade de uma casa melhor desde que chegou a Santa Cruz. Sem ter onde morar, Galdino, que era funcionário de uma indústria de alimentos, instalou-se em uma área invadida no Bairro Pedreira e inscreveu-se no cadastro da Prefeitura. À época, porém, não havia sequer um projeto para corrigir o déficit habitacional do município.
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Sem perspectivas, acostumou-se a viver com dificuldades. Por ficar em uma área de encosta, a casa estava sujeita a deslizamentos sempre que chovia e não havia calçamento. “Minhas filhas tinham que pisar no barro e voltavam do colégio dizendo que só elas haviam sujado o chão da sala. Por isso, hoje é o dia mais feliz da minha vida”, contou.
Entre as pessoas que participaram do ato simbólico de entrega das chaves estava Darli Rodrigues, que foi tema de matéria da Gazeta em abril. Aos 59 anos, Darli mora em uma pequena casa em uma área invadida no Bairro Santa Vitória, de onde sairão 23 famílias para o Loteamento Santa Maria. Por ficar na beira de um barranco, a casa está suscetível de ser atingida por deslizamentos, pela queda de uma árvore ou até de um veículo. Cercados de mato e entulho, ela, o marido, o filho e uma neta também convivem com insetos e roedores.
As más condições de moradia, porém, já são passado: Darli deve se transferir ainda neste fim de semana para o seu novo endereço. “É muita emoção”, disse ela, após a solenidade.
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