Se a Catedral São João Batista é o ponto de referência de Santa Cruz do Sul, o Monte Verde é o local de onde é possível ver o tão emblemático templo de cima. É no topo do morro que outro símbolo religioso está fixado: a Santa Cruz. E é do mirante, que fica junto à Cruz, que é possível ver a maior parte da cidade de cima.
O Bairro Monte Verde é jovem se comparado a outros lugares da cidade e, atualmente, cerca de 350 famílias residem lá. São aproximadamente quatro décadas desde que os primeiros moradores começaram a se instalar no local antes todo tomado de vegetação. É um bairro quase exclusivamente residencial, com casas baixas.
A parede de rochas, que já foi utilizada para extração de pedras, transformou-se em ponto turístico que ainda passa por melhorias e é uma das principais apostas da administração municipal para atrair a visitação de pessoas de outras regiões a Santa Cruz. Além disso, é um bairro com uma organização admirável dos moradores. No local há, inclusive, uma sociedade hídrica.
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Inicia em um ponto (P153 – coincidente com o marco M091 do Cinturão Verde) seguindo no sentido leste, passando pelos marcos M092, M093, M094 e M095, de onde segue, no sentido nordeste, até encontrar um ponto (P154 – coincidente com o marco M096 do Cinturão Verde), de onde segue, por uma linha reta e imaginária, no sentido sul, até encontrar um ponto (P155 – coincidente com o marco M085 do Cinturão Verde), seguindo deste ponto, no sentido noroeste, acompanhando o limite do Cinturão Verde, passando pelos marcos M086, M087, M088, M089 e M090, seguindo daí, ainda pelo limite deste, até encontrar o ponto inicial.” – Trecho da lei ordinária 8714, de 14/09/2021.
O Monte Verde ainda é conhecido por muitos como Monte Tabor. O nome Tabor pode significar altura e uma das possibilidades de origem da palavra é a hebraica, pois o Monte Tabor é citado na Bíblia e faz referência ao local onde teria ocorrido a transfiguração de Jesus Cristo. Luiz Carlos Tadielo Rossa, de 71 anos, foi o terceiro morador a chegar ao bairro. O aposentado mora no local há 39 anos e viu o Monte Verde nascer. “Era de difícil acesso, não havia luz nas ruas, era um abandono, muito mato e a água era escassa. Foi vendido por loteadores e ali começamos”, relembra.
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Nos dias de hoje, aproximadamente 350 famílias vivem ali, totalizando mais de mil habitantes. É um dos bairros de Santa Cruz que mais contam com a organização dos moradores. “Aqui temos uma sociedade hídrica, fundada em 27 de março de 1991. É uma associação que tem diretoria e pagamos a ela. Não é Corsan”, explica Luiz.
Além disso, há a Associação de Moradores do Monte Verde (Ammov), fundada em 7 de novembro de 1988. No Bairro Monte Verde também é atuante a Comunidade Católica São Luís, fundada em 1o de maio de 1987, e da qual Luiz Rossa é presidente.
Luiz acredita que a construção do Parque da Cruz valorizou o bairro e melhorou a infraestrutura. Contudo, ele afirma que muitos moradores não gostaram da ideia, pois acharam que poderia acabar com a tranquilidade no lugar. O aposentado comenta que nunca pensou em se mudar. “É muito bom e muito agradável de morar, até a temperatura é boa aqui. Temos um grupo de alerta para tratar sobre situações de violência, entre outros.” Ele complementa que o Monte Verde conta com moradores muito unidos e trabalhadores, que se ajudam sempre que necessário.
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O Parque da Santa Cruz está localizado na Rua Guatambu e possui uma área verde de 12 hectares, onde se erguem paredões de 40 metros de altura, compostos por três tipos de rocha com 60 milhões de anos: basalto, arenito e bauxita. A recuperação ambiental da antiga pedreira coube ao renomado ambientalista José Lutzenberger.
Na parte alta, sobre os paredões, encontra-se a Cruz de quase 20 metros de altura, que à noite é iluminada com neon e pode ser vista de diversos pontos da cidade e até de municípios vizinhos. Do alto do parque, é possível ter uma visão panorâmica da cidade e enxergar o Cinturão Verde, o Lago Dourado e a Catedral São João Batista.
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A guia e empresária de turismo Leoni Kessler trabalha desde 2009 com turismo receptivo, trazendo grupos para Santa Cruz. Ela observa que o morro da Cruz é o local onde o city tour fica por mais tempo. “Demora um pouco mais porque fazemos um resumo do que a gente viu na cidade. Aqui de cima, conseguimos mostrar tudo certinho e serve como um ponto de localização para as pessoas.” Segundo Leoni, as torres da Catedral, situada no Centro, servem como referência. No local, também é possível ver o Morro do Botucaraí, que a empresária define como “o fusca”, já que o cerro lembra o formato do automóvel.
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Nos passeios em que acompanha os turistas, Leoni faz uma explanação sobre parte da história de formação do município. “A cidade se desenvolveu dentro da planície, aqui em cima é possível ver todas as montanhas que há em volta.” A profissional também conta sobre a antiga pedreira de onde rochas eram extraídas. “Na década de 1980, a Fepam interditou a pedreira. Em meados de 1993, a Prefeitura começou a fazer vários projetos de revitalização. Foi chamado o Lutzenberger para ele dar um apoio e ver como poderia revitalizar e aproveitar melhor o espaço.”
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Assim, também foi feito o anfiteatro, com o intuito de ser um ponto cultural e de realização de celebrações religiosas. Sobre a Cruz colocada no topo do morro, Leoni diz que faz uma releitura do símbolo. “Não é mais só um símbolo do cristianismo. Ela está aí para proteger a cidade, porque está voltada a Santa Cruz. É como se ela estivesse abraçando a cidade.” Segundo ela, para um melhor aproveitamento da área, é necessário mais diálogo entre o poder público e o Conselho Municipal de Turismo.
Embora seja um ponto turístico importante do município, a Cruz foi alvo de polêmicas na época da sua implantação, há 26 anos. Localizado na antiga pedreira chamada Monte Verde, a poucos minutos de carro do Centro, o Parque da Santa Cruz foi inaugurado em novembro de 1996, mas não houve uma cerimônia oficial de inauguração. Na época, o prefeito santa-cruzense era Edmar Hermany. “Perdi a eleição por causa disso. Disseram que eu tinha que ter feito casas populares”, recorda.
Hermany conta que a ideia surgiu do Hino de Santa Cruz do Sul, que em uma estrofe diz: “A cidade crente e santa, que sua cruz ao sul levanta.” Assim, todas as pessoas que acessassem o município seriam orientadas pela Cruz. “É uma obra muito bem feita, foi furada a rocha, a pedreira foi desativada, pois foi proibido retirar material dela. Hoje está tudo muito bonito lá, mas não foi concluído o parque temático embaixo.”
No local foi feita uma espécie de concha acústica com bancos para a realização de shows, porém, isso nunca foi posto em prática. “Agora a prefeita Helena vai colocar em funcionamento esse parque. Estão previstos teleférico e uma parte cultural. E estamos terminando o projeto de cercamento.”
Mesmo perdendo a eleição para a gestão seguinte, Hermany, que atualmente é secretário de Obras, salienta que não se arrepende do projeto. “Tanto é verdade que até o fim do ano a administração municipal vai dar um presente à comunidade no morro da Cruz, cujo projeto também já está pronto. Eu garanto que vai emocionar todos os santa-cruzenses, mas é uma surpresa. A Cruz vai ficar no coração de todos os santa-cruzenses”, afirma.
Ainda conforme o ex-prefeito, a construção do Parque da Santa Cruz significou avanço e desenvolvimento para o bairro. “Os mais antigos se lembram que não tinha acesso e, quando chovia, o ônibus urbano muitas vezes subia de ré, de tão íngreme que era para o Monte Verde.”
Hermany frisa que está contente, pois o intuito espiritual do parque foi alcançado. “Há 15 dias, a Igreja Assembleia de Deus fez um grande culto de agradecimento e para comemorar o Dia da Paz. Só isso já valeu essa instalação.” Para o secretário, se Santa Cruz quer ser uma cidade turística, ela precisa de atrações e essa é a ideia das melhorias no espaço.
A Prefeitura está finalizando os estudos e termo de referência para a concessão à iniciativa privada de todo o complexo do Parque da Cruz, o que inclui o restaurante e o anfiteatro. Na parte de baixo, onde há a imagem de Cristo esculpida na pedra, a ideia é limpar e iluminar.
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