A diretora-executiva da Associação Internacional dos Países Produtores de Tabaco (ITGA, na sigla em inglês), Mercedes Vásquez, esteve no Vale do Rio Pardo ao longo dessa semana. Além de visitar instituições ligadas ao setor, ela também conheceu as indústrias locais e conversou com produtores. Na sexta-feira, em entrevista coletiva na sede da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), falou acerca da próxima Conferência das Partes (COP10) da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para o Controle do Tabaco, ressaltando mais uma vez a importância de o setor obter representatividade nas discussões.
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Mercedes salientou que um dos temas que podem ser apresentados é o controle da produção e consumo de cigarros. Apesar de gerar a tensão habitual, a preocupação maior da ITGA é que outras pautas consideradas perigosas para os produtores entrem em debate. “Estamos em uma situação na qual o tabaco pode ser estigmatizado e o setor passa a ser culpabilizado por questões sociais e de meio ambiente.”
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Segundo ela, os objetivos da COP estão alinhados com os objetivos sustentáveis e há, inclusive, estudos sobre o impacto do tabaco no quadro climático mundial. Outra pauta que também pode surgir é a dos direitos humanos. A conferência é realizada a cada dois anos e em 2023 será no Panamá, ainda sem data definida.
Mercedes afirma que a agenda oficial dos assuntos a serem tratados será divulgada somente em agosto e a reunião deve ocorrer em meados de novembro. Segundo ela, o objetivo é impedir que as instituições ligadas ao setor do tabaco tenham ciência da pauta e possam se articular com antecedência para defender os interesses da cadeia produtiva.
Os artigos 9 e 10, que tratam da regulação do conteúdo dos cigarros e divulgação das informações sobre os produtos, bem como os que versam sobre apoio a alternativas economicamente viáveis aos produtores e proteção ao meio ambiente e à saúde das pessoas também podem aparecer.
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“A linha de trabalho e o objetivo final do convênio macro é acabar com a produção de tabaco. Nesse contexto, é preciso decidir qual alternativa será dada àquelas pessoas que ainda tiram o sustento da produção”, salienta. “Em alguns países, como o Brasil, o impacto social seria enorme. Já em outros, como o Malawi, 70% da moeda estrangeira que entra vem da venda do tabaco.”
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A diretora-executiva da ITGA frisou a importância de obter representatividade na COP, uma vez que o artigo 5.3 da convenção, que trata da proteção das políticas de controle do tabaco dos interesses comerciais da indústria, é constantemente utilizado para impedir a participação de representantes diretos do setor no evento internacional. Mercedes diz não acreditar que neste ano será diferente, e recomenda que as instituições articulem junto aos governos para que as demandas sejam apresentadas por algum político, como o ministro da Agricultura ou das Relações Exteriores.
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Durante a coletiva, Mercedes falou ainda sobre as perspectivas globais para a produção e comercialização do tabaco. Segundo ela, países como o Zimbábue e o Malawi devem ter incremento na produção e maior disponibilidade do tabaco na comparação com o ano passado, o que pode provocar impactos no Brasil. Em relação aos Estados Unidos, a produção da variedade Burley teve queda significativa, enquanto os números do Virgínia permanecem estáveis. Já acerca da China, como é de costume, não há maiores informações para análise e previsão.
Entre quarta e sexta-feira, Mercedes Vásquez esteve reunida com o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias do Fumo e Alimentação (Stifa) e Afubra. Além disso, visitou as indústrias e também conheceu propriedades da região. Não foi a primeira vez que ela esteve em Santa Cruz do Sul, mas nas ocasiões anteriores os encontros ficaram restritos a questões administrativas e reuniões internas com as instituições.
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“A minha impressão geral é de um setor que está fazendo as coisas muito bem, desde o acompanhamento dos produtores até os projetos socioambientais que são desenvolvidos.” Para ela, a região está muito à frente de seu tempo nessas áreas e há poucas questões que perturbam os produtores, como as adversidades climáticas e as dificuldades na negociação do preço de venda. “Isso é significativo porque se o clima colaborar, tem tudo para dar certo, pois as condições para isso são proporcionadas. É um contexto único esse que existe aqui.”
Ao comentar a possibilidade de implantação desse modelo e dos projetos em outros países, ela diz que as realidades são distintas. “Eu gostaria muito de ver o Verde é Vida no Zimbábue, o Crescer Legal no Malawi, mas há um mecanismo enraizado e que há muitos anos se tenta mudar sem sucesso. No fim, tudo me parece uma utopia.” No entanto, ressalta que não se pode desistir de tentar levar exemplos do Brasil para outros países.
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