Mais de 90% dos eleitores não se veem representados por políticos. A manchete do Jornal do Comércio da última segunda-feira não surpreende, mas preocupa. Os dados resultam da pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, acrescentando que apenas 6% dos eleitores se sentem representados pelos políticos em quem já votaram.
É o fundo do poço da credibilidade da classe política. A generalização sempre é um exercício de equívocos, já que todas possuem os bons e os maus. O noticiário diário, porém, tem sido pródigo na revelação de práticas condenáveis de quem detém procuração para fazer o melhor. Por nós, cidadãos, pelo Estado e pelo País, por meio do mandato.
Os prejuízos diante de tamanho desconsolo com a política são enormes, acarretando sérias desconfianças, inclusive em relação à democracia. A pesquisa revela ainda que 38% consideram que é o melhor regime, mas 47% discordam. Num País onde a ditadura provocou tantos estragos e vítimas, este dado é preocupante.
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A democracia, com todas as deformações, ainda é o melhor sistema. Graças à liberdade que alicerça seus princípios temos acesso a informação, matéria-prima da livre manifestação de opinião. Do contrário, jamais saberíamos da existência do Mensalão e dos roubos contra a Petrobras desvendados pela Operação Lava Jato.
Os dados do Instituto Ipsos trazem outras revelações: 81% dos entrevistados manifestaram concordância com a afirmação de que o problema do País não é o partido A ou B, mas o sistema político. Isto, talvez, seja consequência da infinidade de agremiações envolvidas nas inúmeras falcatruas perpetradas com recursos públicos. É dinheiro meu, seu, nosso, angariado pela cobrança de pesados e injustos tributos.
Voltando ao ponto de partida, onde 90% dos eleitores não se veem representados, resta um “mea culpados” dos que votam e também daqueles que propugnam pelo voto nulo ou branco. A profunda crise – econômica e ética – que assola o Brasil obriga uma tomada de posição. Àqueles que veem no voto uma arma democrática para modificações de mudança, é hora de cobrar postura de seus representantes. E isso se dá por intermédio da participação ativa no mandato, acompanhando votações e opiniões dos parlamentares escolhidos.
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É difícil mudar a opinião de quem prefere se abster ou anular o voto. É uma opção prevista na democracia. Independente da postura, o momento é de comprometimentos. Se todos ignorarem a situação teremos o agravamento dos problemas do Brasil, colocando em risco o futuro das próximas gerações.