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Módena, Itália: um homem, seu sonho e suas máquinas

Museu Ferrari atrai fãs da marca e da Fórmula 1, contando a história dos supercarros de Maranello

Módena, na região italiana da Emília-Romanha, é a terra natal de um dos mais aclamados tenores de todos os tempos, Luciano Pavarotti, e famosa também pelo doce perfume do melhor vinagre balsâmico do mundo. A música que mais me marcou na cidade, contudo, é mecânica, com aroma de metal, óleo e vapores de combustão. Vários ícones da indústria automobilística nasceram nesta mesma província: Lamborghini, De Tomaso, Pagani, Maserati e, talvez o mais simbólico de todos, Ferrari.

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Com apenas 10 anos, Enzo Ferrari já sonhava com o automobilismo. Nascido em Módena em uma família com poucos recursos, Enzo conseguiu, com muito esforço, um emprego de piloto de testes, evoluindo rapidamente para, em pouco tempo, se tornar piloto de corridas da equipe Alfa Romeo. Em junho de 1923, a bordo de um modelo RL 3000, o piloto vence a renomada prova de Savio, na cidade de Ravenna. Durante a premiação, uma senhora lhe entrega um pequeno símbolo, um cavalinho negro empinado, dizendo: “Coloque nos teus carros, te trará boa sorte”.

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Ao fundar, em 1929, a equipe de automobilismo Scuderia Ferrari, Enzo adicionou o fundo amarelo, cor símbolo da cidade de Módena, criando o logotipo que é usado até hoje. Após a Segunda Guerra, em 1947, e com a finalidade de gerar recursos para as atividades esportivas, sai dos portões da fábrica de Maranello, província de Modena, o primeiro modelo comercial da agora montadora Ferrari, o 125 Sport, já com a tradicional carroceria barchetta (barquinho, em italiano), aberta, com dois lugares e motor V12 de 1500 cc. O modelo vence o Grande Prêmio de Caracalla, em Roma, iniciando uma série de 90 anos de vitórias da equipe em várias categorias. Na Fórmula 1, desde a estreia em 1950, é a única equipe que sempre esteve presente, conquistando 16 campeonatos de construtores e 15 títulos de pilotos, em uma história que parece estar longe de terminar.

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Passaram pela “Scuderia” pilotos como Juan Manuel Fangio, Phil Hill, Niki Lauda, Gilles Villeneuve, Kimi Räikkönen e o mais vitorioso, Michael Schumacher, sem esquecer dos brasileiros Rubens Barrichello e Felipe Massa. Apesar de Enzo ter sido um notório nacionalista (“Quando meus carros cruzam a linha de chegada vencedores, me assalta um grande orgulho de ser italiano”), a escolha da equipe e especialmente dos pilotos sempre foi pragmática, primando pelos melhores do planeta. Dos nove pilotos campeões mundiais de Fórmula 1 pela Ferrari, apenas um, Alberto Ascari, era italiano. “O Comendador” considerava o circuito de Monza a casa da Ferrari e nunca viajou para provas da equipe fora da Itália. Curiosamente, aliás, Ferrari jamais entrou em um avião.

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A história da Ferrari, porém, não é só de glórias. De 1955 a 1971, oito pilotos da equipe morreram em acidentes, o que provocou um artigo no jornal do Vaticano comparando o fundador a Saturno, deus romano que consumia os próprios filhos. Em defesa da Ferrari, nenhum dos acidentes foi causado por falha mecânica. Enzo também teve grandes rivais, e não somente nas pistas. Um de seus clientes, dono de uma fábrica de tratores nas cercanias de Módena, foi certa vez reclamar pessoalmente a Enzo da embreagem de seu Ferrari 250 GT Pininfarina. Ao ser tratado com certo desprezo, o enfurecido Ferrucio Lamborghini decidiu construir um carro que seria superior aos da fábrica de Maranello. Nascia a rivalidade Ferrari-Lamborghini, uma das maiores da indústria automobilística. Tendo visitado as sedes e museus de ambas as montadoras, considero a visita à Ferrari bem mais interessante, por um motivo único chamado Fórmula 1.

O jovem Enzo tornou-se a alma da Scuderia Ferrari. Raramente concedeu entrevistas

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Como grande parte dos italianos, Enzo não tinha motores na mente, mas sim no coração. Em uma busca incansável pela excelência, o italiano criou a síntese perfeita de inovação tecnológica, elegância e exclusividade. Apesar da formação em Engenharia Mecânica, não sou exatamente um aficionado por carros. Em Maranello, contudo, enquanto em minha mente eu escutava a canção Red Barchetta, fruto da admiração do compositor Neil Peart (Rush) pelo Ferrari 166 MM Barchetta, tive que segurar a emoção em vários momentos enquanto percorria a história e o sonho de um homem e a aventura de gerações de engenheiros, pilotos e fãs do cavalinho negro. O estímulo contínuo da evolução técnica resultou em uma ideia extraordinária: um automóvel também pode ser uma obra de arte.

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