Após a confirmação do governo do Estado de que o plano de concessão da RSC-287 que era previsto para sair em novembro agora será liberado somente no ano que vem, líderes do movimento Duplica 287 querem fazer valer um acerto firmado com o governador eleito Eduardo Leite (PSDB). Ainda durante a campanha eleitoral, o tucano recebeu um documento assinado pelas entidades empresariais das regiões de Santa Cruz do Sul e Santa Maria pedindo o comprometimento com a pauta nos cem primeiros dias de governo.
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz, Lucas Rubinger, Leite assumiu compromisso com a pauta das regiões – e agora será cobrado. “Nós temos uma agenda com o deputado Lucas Redecker, que é o coordenador da transição de governo. Nosso objetivo é forçar a necessidade de tratar do tema nos primeiros meses do ano que vem, dentro do prazo de cem dias.”
Rubinger considera “lastimável” o anúncio de que o estudo feito pela KPMG Consultoria ficará para o ano que vem. O documento é o embrião do edital, que conforme o secretário estadual de Planejamento, Governança e Gestão, Josué de Souza Barbosa, será apresentado entre janeiro e fevereiro do próximo ano. Junto da RSC-287 estão no estudo as rodovias ERS-324 (região de Passo Fundo) e ERS-020 (entre região metropolitana e serra), assim como a Estação Rodoviária de Porto Alegre.
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Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria, Rodrigo Decimo, a mobilização deve continuar. Segundo ele, o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, que é do mesmo partido de Leite, está acompanhando o movimento regional. “Cada vez que temos a oportunidade de estar com o prefeito nós colocamos a pauta da 287 e a necessidade de o tema ser tratado com urgência”, garante.
Para o presidente da Associação Santa Cruz Novos Rumos, Flávio Haas, será preciso estabelecer um cronograma com o novo governo, uma vez que o processo para a concessão das rodovias passa inclusive pela realização de audiências públicas, necessárias à formatação final do documento. “O novo governo gaúcho terá sérios desafios no início do ano, mas nem por isso poderemos deixar de lado esta questão”, avalia Haas.
O movimento Duplica 287 é formado por entidades empresariais das regiões pelas quais a rodovia passa. Durante o período que antecedeu as eleições, o grupo realizou encontros com candidatos na intenção de arregimentar apoiadores à causa.
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Obra é necessária até 2039
Em março deste ano o governador José Ivo Sartori (MDB) apresentou o Plano Estadual de Logística de Transportes (Pelt-RS). O documento, um raio-X da estrutura de locomoção no Rio Grande do Sul, apontou que a RSC-287 precisa ser duplicada em um curto espaço de tempo. O estudo mostra que até 2024 o trecho Tabaí-Santa Cruz da 287 precisa ser duplicado. Na sequência, até 2039, toda a extensão da rodovia, até Santa Maria, necessita ter mais uma faixa com pistas de rolamento. O Pelt-RS revela que caso a duplicação desses dois trechos não aconteça no prazo previsto, a rodovia entrará em colapso.
O mesmo documento foi usado para embasar a justificativa de concessão, pois nele é apurado o valor necessário para a duplicação de toda a rodovia: R$ 1,5 bilhão, em valores atuais. Atualmente, parte da 287 é administrada pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). A estatal lançou recentemente o edital para instalação de dez quilômetros de trechos de terceira faixa entre Santa Cruz e Venâncio Aires, como medida emergencial para ampliação de capacidade da rodovia. A primeira chamada do edital não registrou empresas interessadas.
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