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Mitos e desafios da pandemia

O aumento da imunização e a descoberta de novas vacinas são uma luz neste intenso nevoeiro em que se transformou a nossa vida permeada de notícias funestas todos os dias. Ouço críticas ofensivas contra quem se nega a tomar o antídoto. Essas pessoas, sob o argumento de que jamais um medicamento foi desenvolvido com tamanha rapidez, mesclando urgência com ganância dos laboratórios, nos fazem pensar.

Respeito o fato de toda pessoa possuir discernimento para fazer suas escolhas, juízo de valores, opiniões. Vivemos em um país onde a democracia ainda perdura, apesar de “pequenas ditaduras” impostas por grupos das redes sociais ou através da manipulação de informação de parte da grande mídia. Faz parte do processo democrático.

Recentemente ouvi uma entrevista do psiquiatra gaúcho Ricardo Nogueira, profissional que trabalha na promoção da vida e na prevenção de suicídios. De forma didática, paciente e clara – diferente da arrogância de tantos especialistas que falam na imprensa –, ele falou em tom de advertência a respeito dos prejuízos quase invisíveis da pandemia que já perdura há 15 meses.

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Desde o ano passado, me intriga a ausência de estatísticas referentes às doenças/distúrbios mentais potencializados desde o surgimento do Covid-19. O desemprego, o massacre de más notícias – em detrimento da ausência de destaque aos milhões de curados que ultrapassam de 95% – e o “fica em casa” intensificaram os conflitos domésticos. A situação nos impõe resistência jamais vista para não sucumbir.

O psiquiatra revelou dados estarrecedores sobre o aumento de casos de agressões domésticas, além de abusos perpetrados contra crianças e adolescentes no âmbito familiar, bem como ocorrências de ansiedade de crianças e da ampliação de separações conjugais. São consequências que, aqui no Estado, se somam às mais de 30 mil mortes, apesar da insistência de adoção das ”bandeiras coloridas” por região, sistema felizmente modificado há pouco tempo.

Além dos óbitos, o fechamento do comércio, indústria e serviços impôs o desemprego a milhões de pessoas e o consequente aumento da miséria. Para sobreviver à pandemia, Ricardo Nogueira aconselha a adoção da “fórmula dos três oito”: oito horas de sono, oito de trabalho e oito horas de lazer. Este, como costumo dizer aos meus filhos, é o chamado “mundo ideal”, bastante diferente do ”mundo real”. Afinal, entre outras coisas, o home office nos impôs um aumento absurdo da jornada diária de trabalho, agravada pela onipresença do smartphone. Sem falar que o lazer está seriamente comprometido pelas restrições impostas pelo distanciamento social.

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A higiene mental que o momento exige é tarefa desafiadora, difícil de cumprir, mas que precisa ser buscada, sob pena de reflexos nefastos e graves por longo tempo em nossas vidas.

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