O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, recebeu nessa quinta-feira a primeira visita dos integrantes da missão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Até a próxima semana, serão avaliadas ações emergenciais necessárias para resgatar peças que estão nos escombros e para resguardar o acervo que tenha sobrevivido ao incêndio de grandes proporções que tomou conta do edifício no dia 2 de setembro.
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O diretor do Museu Nacional, o paleontólogo Alexander Kellner, explicou que, antes da visita ao edifício incendiado, ocorreu uma primeira reunião de orientação geral entre a missão da Unesco e a diretoria da instituição. Algumas medidas concretas já foram discutidas. “Entre outras coisas, está se pensando em cobrir parte de uma área do acervo para proteger da chuva. É uma situação que está sendo conversada. Entendam que estamos todos muito no início ainda e nós vamos estabelecendo os protocolos corretos de trabalho daqui para frente”, disse.
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Kellner destacou ainda que, apesar do incêndio, a instituição permanece ativa e funcionando regularmente nos edifícios não atingidos. “O Museu Nacional vive. As pesquisas continuam, as aulas prosseguem, estamos nos adequando a toda essa situação”. Uma campanha com o slogan Museu Nacional Vive foi desencadeada nos últimos dias com adesivos e com interações nas redes sociais.
Programa da Síria
A chefe da missão é a italiana Cristina Menegazzi, que desde 2014 comanda o Programa de Salvaguarda de Emergência do Patrimônio Cultural Sírio, no escritório da Unesco em Beirute, no Líbano. Ela está sendo acompanhado por José Luiz Perdessoli Junior, gestor de projetos de conservação de coleções do Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauração de Bens Culturais (Iccrom), sediado em Roma, na Itália.
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Nenhum dos dois deu declarações à imprensa. Segundo a Unesco, pronunciamentos públicos só devem ocorrer na próxima semana, porque os dois, inicialmente, estão consultando as autoridades e tomando conhecimento da situação. A agenda de amanhã não foi divulgada, mas o diretor do Museu Nacional informou que a ideia é que sejam apresentados os protocolos de preservação e recuperação do acervo em vigor na instituição.
O diretor disse também que questões ligadas a recursos não foram tratadas hoje. “A última coisa que estou preocupado é com dinheiro da Unesco. Felizmente, a Unesco tem muito mais a nos aportar, não só em termos de suporte internacional, como também de conhecimento e de como nós podemos tratar dessa situação”.
Falta de segurança
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De acordo com Alexander Kellner, os trabalhos mais intensivos de busca do acervo sob os escombros só poderão ocorrer depois que o prédio oferecer segurança. Ele reconheceu a dificuldade de se garantir essa segurança com rapidez. Há preocupações com a estrutura e a cobertura e existem riscos de desabamento de partes do edifício. Desde terça-feira, tapumes estão sendo instalados no entorno do museu.
Kellner não quis comentar a medida provisória assinada pelo presidente Michel Temer que criou a Agência Brasileira de Museus (Abram). A nova estrutura deverá assumir a responsabilidade da reconstrução do Museu Nacional e da gestão de 27 museus em todo o país. A medida gerou críticas de servidores do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e do Sebrae, que entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal pelo fato de a nova instituição concorrer com os recursos das demais serviços sociais autônomos.
“O que precisamos ter nesse momento é serenidade. Tenho recorrido à analogia de uma mina que implode e deixa gente presa lá dentro. Qual deve ser o foco dos esforços? Em retirar as pessoas de lá ou em rediscutir o Código de Mineração? Então, por parte do Museu Nacional, não tivemos condições de analisar. Respeitosamente, não é a nossa prioridade. Nossa preocupação agora é com as ações necessárias para que possamos resgatar a maior parte possível do acervo”, disse o diretor.
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