Uma nova cultura começa a despontar na área da fruticultura no município de Encruzilhada do Sul. Na última semana, a empresária e produtora Ondina Becker fez o convite ao prefeito Benito Paschoal para a abertura da colheita do mirtilo, na Fazenda São Jorge, na localidade do Chanã. A produção na propriedade deverá atingir aproximadamente 12 mil quilos da fruta, numa extensão de 1 hectare. A safra ocorre entre os meses de novembro e janeiro.
Quatro famílias cultivam o mirtilo em Encruzilhada do Sul, com área de cerca de três hectares. Na propriedade de Becker, houve a colheita de um pequeno volume nos últimos dois anos. Mas a produção se consolida a partir do quarto ano após o plantio. A colheita é totalmente manual e, dessa maneira, ocupa bastante mão de obra.
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O prefeito Benito visitou as instalações da produtora, onde ocorrem armazenamento, seleção, embalagem e distribuição para municípios como Porto Alegre, Santa Cruz do Sul e São Paulo, entre outros. “Estou muito satisfeita com essa aposta que fizemos em uma produção totalmente nova e desconhecida no município”, enfatiza a produtora.
“Temos uma qualidade de produto ímpar devido ao clima e às condições favoráveis. Certamente, por essa razão, tende a haver uma aceitação crescente dos nossos clientes que, pelo terceiro ano consecutivo, compram 100% da nossa produção in natura”, ressalta Ondina Becker.
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A agricultora Ondina e a filha Paula Becker viram na produção de mirtilo uma oportunidade de renda por meio da Associação de Fruticultores de Encruzilhada do Sul (Afrutes). A ideia de investir na cultura surgiu durante uma conversa com o presidente da entidade, Paulo Roberto Minuzzi (Beto), que relatou a demanda do mercado por essa produção.
“Estudamos a fruta e sua forma de cultivo e investimos no plantio de um hectare”, salienta Ondina. Ela afirma que a ideia é expandir a área de cultivo para até cinco hectares e buscar o registro para a fabricação de geleias.
O mirtilo produzido pela família Becker é mantido nas câmaras de refrigeração da Afrutes até o momento da comercialização. Fundada em 1998, a associação tem estimulado a organização dos agricultores e articulado a venda da produção. Atualmente com 40 sócios, a entidade incentiva a implantação de novas culturas e auxilia na comercialização, analisando as demandas do mercado e incentivando a produção e também a organização dos agricultores.
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Brasil ainda importa cerca de 80% para suas necessidades
O mirtilo, também conhecido como blueberry, é uma fruta azul muito promissora em clima tropical. Não há estimativa de produção nacional, mas fontes do setor avaliam que a área plantada seja de cerca de 500 hectares.
O Brasil ainda importa cerca de 80% do que é consumido internamente, dos Estados Unidos, Canadá e Peru. A introdução da cultura no Brasil ocorreu na década de 1980 no Sul do País. A produção teve início na cidade de Vacaria, com mudas que vieram da Europa, mais adaptadas ao clima frio. Depois o cultivo se estendeu por Pelotas, com uma variedade um pouco mais resistente ao calor.
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O cultivo no Rio Grande do Sul se concentra em dois grupos de mirtilo. Um tem alta exigência em frio (high bush), que só se cultiva em regiões de maior altitude, plantado em Vacaria, Monte Alegre e Serra Catarinense. As frutas têm melhor qualidade em consumo in natura, coloração mais azulada. O outro grupo (rabbit eye) exige média de frio, sendo cultivado na região de Pelotas, com crescimento no polo de Encruzilhada do Sul.
No primeiro ano depois do plantio não há colheita, pois os arbustos precisam ser podados logo após o surgimento das flores. Depois de seis meses da poda, é possível iniciar a colheita. No segundo ano, o custo se concentra no valor de adubo, mão de obra e manutenção da irrigação. O arbusto dura pelo menos de 12 a 15 anos no campo. O pico de produção é de 1,5 quilo por planta, e a colheita se estende por seis meses.
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