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Ministério Público fiscaliza preços da gasolina e do gás em Santa Cruz

Após os consecutivos aumentos nos preços da gasolina e do gás de cozinha em Santa Cruz do Sul, o Ministério Público solicitou que o escritório local do Procon disponibilize tabelas semanais com os valores cobrados no município. Já os donos dos estabelecimentos terão que esclarecer os valores e motivos que levaram aos preços praticados, com demonstração documental das margens de lucro atribuídas.

O documento, assinado pelo promotor de Defesa Comunitária, Érico Barin, cita levantamentos realizados sobre os preços da gasolina e do gás no município, o reajuste frequente dos valores e reportagens veiculadas pela Gazeta do Sul, incluindo a que compara o preço do combustível em Santa Cruz a outros municípios da região. “Havendo suspeita de ilegalidade (como a formação de cartel) ou de práticas abusivas na fixação de margens de lucro, não só é possível como é necessária a atuação do Ministério Público”, afirma Barin.

O promotor explica que a fiscalização já é realizada há algum tempo e que um processo administrativo foi instaurado ainda em 2017. “Já existia o monitoramento da variação de preços. Em meados do ano passado, confrontamos os valores e houve uma detecção de que os preços estavam superiores [em Santa Cruz]”, comentou. 

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O MP solicita que sejam criados meios informativos, de fácil acesso para os cidadãos, para verificação dos postos em que são cobrados os menores valores. O objetivo, conforme o promotor, é estimular a concorrência e induzir a queda dos preços. “Acreditamos que esta medida vai retratar o que os empresários dizem, de que os vilões não são eles e sim o sistema.”

É destinada ao Procon a responsabilidade, com o auxílio do MP, de disponibilizar em seu site tabelas semanais com os valores cobrados em Santa Cruz do Sul. Segundo as providências previstas no documento, o Procon terá 10 dias para criar a sessão online. “Com o tempo a ferramenta pode avançar, no futuro a ideia é que seja um aplicativo, de fácil acesso”, afirma Barin.

ESCLARECIMENTOS

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Já os postos e distribuidores de Santa Cruz do Sul terão de esclarecer os números e motivos que levaram aos preços praticados, com demonstração documental das margens de lucro atribuídas. Ainda deverão ser indicadas formas de diminuir os valores cobrados, com a finalidade de aproximar o preço ao praticado em outros municípios do mesmo porte ou de mesma distância das refinarias. A previsão é de que todos os responsáveis pelas empresas de combustíveis e gás de cozinha sejam notificados sobre o despacho, por e-mail, até o início da próxima semana.

É importante, conforme Barin, que a população crie o hábito de consultar o sistema antes de abastecer ou comprar o gás de cozinha, já que na ferramenta terão acesso ao local onde se pratica o menor preço. “Mesmo que já tenha uma fidelização é importante avaliar se vale a pena. Além disso, buscamos incentivar o livre comércio e a concorrência”, finalizou.

O despacho do Ministério Público considerou o valor médio da gasolina comum de R$ 4,51 em Santa Cruz do Sul, praticado no período entre os dias 18 e 24 de fevereiro. Porém, conforme já divulgado pela Gazeta do Sul desta quinta-feira, o valor médio praticado em Santa Cruz caiu para R$ 4,35 nessa quarta-feira.

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Preços médios da gasolina no Rio Grande do Sul – de 18 a 24/02

Bento Gonçalves –  R$ 4,35
Cachoeira do Sul – R$ 4,45
Caxias do Sul – R$ 4,09
Lajeado – R$ 4,47
Santa Cruz do Sul – R$ 4,51
Santa Maria – R$ 4,44

Mercado tem o preço livre, afirma empresário

O empresário Sérgio Morales comenta que a comercialização já é transparente, tendo em vista que os preços de compra, venda e margem de lucro são disponibilizados no site da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e atualizados semanalmente. Ele avalia a decisão do MP como um direito de pedir informações, mas reforça que o preço é livre no mercado de combustíveis. “O preço é liberado e não tabelado”. Morales também critica o valor de venda em Caxias do Sul, conforme citado no despacho do MP, que estaria abaixo do de compra. “O preço de Caxias é irreal. Como vão vender a R$ 3,75 se pagaram mais?”, questiona o dono de um posto em Santa Cruz. 

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O presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás de Cozinha do Rio Grande do Sul (Singasul), Ronaldo Tonet, afirma que entende o despacho apenas como uma sugestão aos empresários. “Até porque o MP não tem poder de determinar, mas sim, de fiscalizar e sugerir”. Além disso, Tonet diz que não vê problemas em apresentar documentos que comprovem a margem de lucro. “Os números já são compartilhados com a Receita Federal”. O presidente da Singasul acrescenta que o sindicato vai disponibilizar assessoria jurídica para revendedores que considerarem o auxílio necessário.

Tanto Morales quando Tonet lembram que os preços praticados pelos postos ou revendedores de gás variam de acordo com os gastos de cada empresa. “A margem é de acordo com a realidade de cada um. Se o empresário aluga o estabelecimento e tem funcionários, as despesas são mais altas”, comenta Tonet. Ele também explica que uma mesma distribuidora pode comercializar o mesmo produto com valores diferentes para cada município, conforme a situação do mercado local. 

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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