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Miniférias

Depois de cinco anos sem férias consegui “fugir” por dez dias da rotina de trabalho. “Fugir” em termos, afinal, para um ansioso assumido trata-se de um período insuficiente para desligar do celular e do relógio. Foi um período rápido, mas suficiente para algumas reflexões junto aos familiares que há horas reclamam do meu ritmo de vida.

Décadas depois visitei a praia de Capão Novo, distrito da tradicional Capão da Canoa. Capão Novo foi o primeiro – e até agora, que eu saiba, o único balneário planejado do Estado. Foi ali, inclusive, que pela primeira vez se teve notícia do funcionamento de TV por assinatura. Lembro do lançamento do empreendimento que, ao longo do tempo, consolidou o que prometia: organização, limpeza, segurança, lazer para todas as idades e manutenção das principais estruturas.

Depois de algum tempo, a administração da praia passou ao município-mãe, o que transfigurou a paisagem de Capão Novo. A praia está em situação de abandono: cães vagando às dezenas, mato em diversas ruas que alagam com facilidade, carroças em profusão, terrenos sem capina, desorganização urbana e vários equipamentos do projeto originais atirados às traças.

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Apesar do desencanto com Capão Novo aproveitei para relaxar, mas sempre com o rádio ligado, mateando e desde cedo folheando os jornais, inclusive do Litoral, para me manter atualizado. Ser jornalista tem destas coisas que são boas e ruins ao mesmo tempo. Nossa matéria-prima é a informação. Por isso, é impossível desligar completamente.

No retorno das férias não há tempo para se atualizar de tudo o que passou no período de descanso. Isto exige um mínimo de atenção na folga. Ou seja, um olho no peixe (férias) e outro no gato (trabalho). Compatibilizar a atenção à família, descanso, banhos de mar e o Jornal Nacional é uma habilidade que se desenvolve ao longo do tempo.

Gozar férias é uma promessa que faço a mim mesmo a cada fim de ano e que, como o prezado leitor já constatou, não se cumpre. Aos 57 anos, cheguei à conclusão de que o corpo e a mente cobram uma parada anual para recarregar as baterias, sob o risco de colapso pelo estresse acumulado ao longo do ano. Mas nem tudo é frustração. Afinal, depois de cinco anos, consegui driblar a mesmice, impor um pouco de disciplina e marcar as benditas férias. Foram somente dez dias, o leitor poderá argumentar, coberto de razão. Mas confesso que estou orgulhoso. Não contabilizo dias de sol ou de chuva, coisas que não consegui realizar no Litoral ou as despesas, que não são pequenas.

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Valeu ter superado a “trava” em usufruir do descanso e, principalmente, me conscientizar de que isso, sim, deve se transformar em rotina.

TI

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