Minha terra natal

Nasci em Trombudo, no dia 2 de dezembro de 1950. Já completei 70 anos. Passamos pelo tempo, sem sonhar que chegaríamos a essa idade. Hoje a prevenção é o maior remédio e não devemos ter pressa para chegar aos 80. Deixa a Vida me Levar, como diz a letra da canção de Maria Bethânia e Zeca Pagodinho.

Nosso campo de futebol era um potreiro da vizinhança, que era mais ou menos plano. A bola era de borracha, e mais tarde vieram as bolas número três fabricadas pela empresa Hoppe. Aquelas que vinham com defeito, por exemplo, ovais, eram mais baratas. Ganhei uma daquelas no Natal. Não gostei, porém era de couro e isso que interessava para os guris de calças curtas e remendadas no traseiro. Tínhamos o cuidado de não jogar perto das cercas de arame farpado. Poderia furar a bola e quem iria consertá-la? Talvez o sapateiro, e o dinheiro?

Não havia os tênis de marca que nossos filhos e netos usam. Os jogos eram realizados de pés descalços. No tempo das rosetas no campo, tornavam-se difíceis nossos embates esportivos. Apesar desse inconveniente, enfrentávamos a dor com prazer. Era só arrancar os espinhos e continuar correndo atrás da bola.

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O professor Elenor Schneider, colunista deste jornal e meu antigo mestre na Fisc, remeteu-me ao passado, quando lembrou que os jogadores viajavam na caixa de um caminhão, que os transportava ao estádio da localidade próxima, já que poucos tinham dinheiro para fretar um ônibus. Era coisa de rico.

Meu pai sempre foi um dos líderes de Trombudo. Participava ativamente na comunidade, já que era o subprefeito e subdelegado por muitos anos. No tempo que foi construído o novo e atual estádio do Trombudo, o médico, Dr. Luiz Jacobus, exercia a presidência do clube. O pai também exerceu a vice-presidência da entidade.

Lembro-me dos campeonatos interdistritais do município. Participavam o Sinimbu, o Tereza, Rio Pardinho, Ponte Rio Pardinho. Sempre fomos competitivos e Dr. Jacobus tratava de buscar os reforços em Santa Cruz do Sul, compostos de ex-jogadores do Avenida ou Santa Cruz. Esses vinham de carona no carro do presidente, além disso, arcava com o pagamento das gratificações aos atletas de fora. O Dr. Jacobus era um verdadeiro ídolo do distrito e adjacências.

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A grande atração dominical era o futebol. Não existia a concorrência da TV. As famílias frequentavam os estádios. Os moradores das bibocas vinham na caixa dos caminhões. Enfrentavam a poeira e os solavancos das estradas ruins. Vinham felizes para assistir ao grande clássico contra o Sinimbu ou o Tereza. Era jogo de lotar o estádio. O juiz e os bandeirinhas tinham que ter coragem para arbitrar o jogo. Saírem tranquilos após a partida era raro. Sempre dava alguma confusão e saíam escoltados pelos dois brigadianos no estádio, isso se um deles não estivesse acalmando as brigas entre as torcidas rivais.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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