Vou falar de amenidades. Sem o stress das eleições. Aos 47 anos eu estava relativamente satisfeito. Morava sozinho em Porto Alegre, fui promovido para o cargo de Desembargador, filhos encaminhados. Não pensava em convolar novas núpcias. Estava bom assim.
Em breve voltaria a advogar em Porto Alegre. Sucede que, como já falei aqui, certa noite fui ao aniversário de uma colega bem jovem. Fui acompanhado de um colega. Fomos os dois ao Rose Place, um lugar muito bem frequentado. Minha colega veio acompanhada de seu namorado e junto estava uma jovem loirinha, que recém assumira seu cargo no Tribunal de Justiça.
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Tocou uma música romântica e a convidei para dançar. Disse-me que era natural de Santiago e seu pai era um médio fazendeiro e bancário. Eu fora juiz de direito na Comarca de Santiago e é claro que não poderia ter conhecido a moça naquela época. Ela era solteira, fomos nos encontrando e conversando, até que iniciamos um namoro. Fui me apresentar para seus pais, que me receberam muito bem.
A partir daí passamos a viver juntos e eu, como já disse, não tinha muita noção do agro. Nessa altura eu já era advogado de novo e nossas idas a Santiago eram frequentes. Por isso compramos uma casa em Santiago. Certo dia o pai da Maristela me perguntou se eu não queria comprar uma gleba de campo. Fui ver e me apaixonei. Como a advocacia ia de vento em popa, comecei a comprar novas glebas contíguas. Os campos eram bem baratos e o gado bom tinha valor.
Achei que seria uma boa comprar mais e mais campo contíguo, inclusive do meu agora sogro.
Com calma fui aprendendo as lidas campesinas, sempre ajudado pela Maristela, que acabou sendo eleita a presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ile de France por dois anos.
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Com muito cuidado acabei aprendendo a montar a cavalo, coisa com a qual nunca tinha sonhado.
Em homenagem aos meus dois “cavalos de patrão”, que só eu montava, fiz os versos abaixo:
“Iahaha, lá vem meu dono/ me pegar para camperear/ ligeirito vou para a forma/ para ele me encilhar/ uma escova de início/ e um pouquito amanunciar/ esses são os artifício/ de um tranquilo cavalgar.
Sou cavalo de patrão/ quieto deixo ele montar / só saio quando ele manda/ faço tudo para agradar/ vou desviando das quebradas, dos mio-mios e caraguatás/ não me assusto mais com nada, nem assombrações e boitatás.
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E assim levo ele faceiro/ recorrendo as invernadas/ contando vacas e terneiros /e curando as “abichadas” /essa é a minha sina /ser cavalo de patrão /outro destino não quero /que morrer neste meu chão.
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