Baseada na tendência apresentada pelas produtividades médias municipais registradas ao longo dos últimos dez anos, a Emater/RS-Ascar estima que a produção de grãos cresça em 3,41% na área e 1,69% na produção. De acordo com a entidade, o crescimento da área cultivada e da produção dos principais grãos de verão na Safra 2021/2022 totaliza 8,1 milhões de hectares e 33,6 milhões de toneladas de milho, soja, arroz e feijão no Rio Grande do Sul. Na safra anterior, foram 7,8 milhões de hectares e 33,1 milhões de toneladas de grãos.
Os números foram divulgados nessa quinta-feira, 9, pelo diretor técnico da Emater/RS, Alencar Rugeri, durante o Café para Imprensa, realizado na 44ª Expointer. Devido à pandemia, o evento foi transmitido virtualmente. “Essas informações têm credibilidade em função da dimensão que temos de amostragem em todo o Estado”, frisou Rugeri.
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Reação do milho após a seca
O levantamento destaca a retomada do aumento de produção de milho, já que essa foi a cultura mais castigada pela estiagem. A estimativa inicial é de produção de 6,11 milhões de toneladas do grão, ou seja, um crescimento de 39,23% em relação à safra passada, que contou com 4,39 milhões de toneladas. A área cultivada, de 834 mil hectares, aumentou 6,89% se comparada aos 780 mil hectares do ano passado. E a produtividade estimada para este ano é de 7,3 toneladas por hectare (ton/ha), aumento de 29,59% se comparada à colheita anterior, de 5,6 ton/ha.
A Emater estima ainda que, com estabilidade na área cultivada, sendo 360,03 mil hectares contra os 360,15 do ano passado, a produção de milho silagem também deve registrar aumento de 30,06% da produção (13,25 milhões de toneladas) e de 29,93% na produtividade (36,8 ton/ha), comparada aos 10,1 milhões de toneladas e 28,32 ton/ha do ano anterior.
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O evento contou com a presença da secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seadpr), Silvana Covatti. Para ela, a estimativa é animadora e a Expointer demonstra o clima de otimismo. “Isso é trabalho em conjunto, entre produtor e tecnologia. O milho valorizou e, junto com isso, cresceu o interesse do produtor em plantar, uma vez que o Rio Grande do Sul é deficitário em milho. Todo ano buscamos milho em outros países e estados, e agora temos a alegria de termos esse acréscimo de produção”, destacou.
A secretária salientou que o Estado tem o compromisso de ajudar a ampliar a produção e favorecer os setores de proteína animal, de aves, suínos e também leite, que hoje são impactados com altos custos para importar o insumo de outros países e estados.
Outras culturas
- Feijão: o feijão primeira safra é outra cultura que, apesar da redução de 4,35% na área cultivada (34,9 mil hectares), tem expectativa de crescimento de 13,99% na produção (54,31 mil toneladas) e de 17,67% na produtividade (1,77 ton/ha). No ano passado, registrou área de 36,57 mil hectares, 54,31 mil toneladas e 1,50 ton/ha.
- Arroz: a estimativa para a cultura do arroz é somente de redução, em área (-0,49%), produção (-8,61%) e produtividade (-8,16%). São 943,8 mil hectares cultivados e expectativa de produção de 7,54 milhões de toneladas e 7,9 ton/ha, comparado à colheita do ano passado (948,5 mil hectares, 8,25 milhões de toneladas e 8,7 ton/ha).
- Soja: apesar de apresentar aumento de 3,62% na área cultivada (6,32 milhões de hectares), a estimativa para a soja também é de redução de -2,26% na produção (19,9 milhões de toneladas) e de -5,68 na produtividade (3,15 ton/ha), se for comparada com os 6,1 milhões de hectares, 20,4 milhões de toneladas e 3,34 ton/ha da safra passada.
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Manejo adequado
Tendo em vista a ocorrência de Dalbulus maidis, a cigarrinha-do-milho, a Seapdr, em conjunto com a Emater/RS-Ascar e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), emitiu um alerta fitossanitário. Para orientar produtores, as instituições promoveram nessa quinta-feira na Expointer o painel virtual “Manejo dos enfezamentos e da cigarrinha-do-milho”. O engenheiro agrônomo e entomologista Charles Martins de Oliveira explicou que as boas práticas só serão eficazes se forem adotadas pela maioria dos produtores de uma região.
Ele orientou a não plantar perto de lavouras mais velhas, pois o vetor migra por mais de 20 quilômetros por correntes de vento. Também é relevante escolher híbridos com maior tolerância e resistência aos enfezamentos, sendo importante rotacionar e diversificar os híbridos.
No plantio, usar sementes certificadas e tratadas com inseticidas indicados pelo Mapa, com aplicação no fim da tarde e/ou à noite, e sincronizar a semeadura. Na colheita, usar máquinas bem reguladas, evitando perdas de grãos e espigas que, se germinarem, dão origem às tigueras. O transporte em caminhões apropriados, sem dispersão de grãos pelas estradas, também foi aconselhado por Oliveira.
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