(2.586 km2, 613.894 habitantes)
O último nesta série de pequenos estados é também o maior deles, cercado por Alemanha, Bélgica e França. País mais rico do mundo em PIB per capita (FMI), o Grão-Ducado de Luxemburgo é uma nação eminentemente rural, com a densa floresta das Ardenas ao norte, os vales rochosos da região do Müllerthal a leste e o vale do Rio Mosel a sudeste, em um território repleto de vinhedos e cervejarias.
A capital, cidade de Luxemburgo, é um belo e antigo assentamento fortificado, construído sobre 17 quilômetros de túneis e casamatas que fizeram parte de sua estratégia de defesa. Com identidade fortemente influenciada pelos países vizinhos, o francês e o alemão figuram como línguas oficiais, além do luxemburguês, idioma de origem germânica. A natureza multilinguística do povo faz com que os jornais locais alternem artigos em francês e em
alemão, sem tradução. Metade da população é formada por estrangeiros, dos quais os portugueses
representam o maior grupo.
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Visitei Luxemburgo algumas vezes, participando de reuniões em empresas que têm ali sua sede oficial para se beneficiar dos reduzidos impostos. Em geral, são pequenos escritórios, com poucos funcionários, de organizações que, na realidade, têm suas operações e seus principais dirigentes em outros países. Estive, por exemplo, na ítalo-argentina Tenaris e na gigante indiana do aço Arcelor-Mittal, ambas com sedes legais na capital luxemburguesa. Todos com quem me reuni vinham de outras unidades e o encontro aconteceu ali por pura conveniência geográfica.
90% das empresas em Luxemburgo pertencem a não residentes e muitos brasileiros têm suas corporações baseadas no país, a começar pelos mais prósperos, como Jorge Paulo Lemann (BRC/Ambrew), a família Safra (Banco J. Safra), André Esteves (BTG Pactual), o ex-governador, ex-senador, ex-ministro e um dos maiores produtores de soja do mundo Blairo Maggi (Amaggi Luxembourg), entre outros. É certo que a origem do capital que entra no país nem sempre é lícita. O grão-ducado foi escolhido para abrigar, por exemplo, a empresa Formalhaut 1, dos irmãos Renato e Marcelo Chebar, doleiros prediletos do ex-governador fluminense Sérgio Cabral.
A história do estado independente tem início em 963, com a aquisição do Castelo de Luxemburgo pelo conde Sigfried de Ardenas. O território assumiu a forma atual no início do século 19, após repetidas ocupações dos Países Baixos, França, Prússia e Áustria. Membro fundador das Nações Unidas e da Comunidade Europeia, o país abriga muitas instituições internacionais, como a importante Corte de Justiça da União Europeia. O grãoduque Henry I tem papel cerimonial na monarquia constitucional, embora, em teoria, ainda tenha o poder de dissolver o parlamento.
Exemplo de vanguarda em leis e costumes, em 2020 Luxemburgo tornou-se a primeira nação a instituir transporte coletivo gratuito aos seus habitantes.
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O lema nacional, desde a independência, é direto, simples e visível em prédios e monumentos. Uma mensagem de afirmação e unidade que, pelo visto, seguirá válida por muito tempo: “Mir wëlle bleiwe wat mir sin”, luxemburguês para “Queremos continuar sendo o que somos”.
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Neste mês, completei um ano de artigos semanais ininterruptos para a Gazeta do Sul. Incluindo alguns artigos pré-pandemia, foram até agora 45 países em 57 edições do Magazine. Agradeço a todos os que leem e acompanham esses relatos. A pandemia trouxe limitações à mobilidade e viajar para outros países se tornou, quando possível, bastante complicado. Por isso, adotei com alegria a ideia proposta por Romar Beling, de proporcionar passeios e experiências de viagem aos leitores enquanto durasse a crise sanitária mundial. Não sabíamos, é claro, que se prolongaria por tanto tempo. Possivelmente não poderei manter a frequência semanal, mas seguiremos viajando juntos. Ainda temos muitos países e histórias pela frente!
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