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Microestados Parte 4: Mônaco – O parque de diversões dos bilionários

(2,1 km2 , 38.682 habitantes)

Em uma estada mais longa de trabalho no noroeste italiano, decidi passar um final de semana em Mônaco, a menos de 20 minutos da fronteira ítalo-francesa. Logo na chegada, depois de muito procurar, encontrei uma vaga de estacionamento bem em frente ao famoso Cassino de Monte Carlo.

Indagado imediatamente pelo uniformizado porteiro da casa de jogos se deixaria o carro ali por muito tempo, notei que ele não pareceu muito satisfeito ao saber que eu retornaria em algumas horas e não tinha planos de fazer aposta alguma no famoso estabelecimento. Enquanto me afastava do veículo, observei que na fileira em que estava meu minúsculo Nissan Micra, alugado na Itália, os demais veículos eram Ferraris, Bentleys, Maseratis, Lamborghinis e afins. Confortei-me com o pensamento de que estava contribuindo para a diversidade e integração automotiva no local.

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Aidir Parizzi em visita a Mônaco; na paisagem, a vista do Porto Hércules e da cidade

O Principado de Mônaco é um estado soberano sobre a Riviera Francesa, o segundo menor do mundo, depois do Vaticano, e conhecido pelo belo Porto de Hércules sempre lotado de iates de luxo, pelo charme do Grande Prêmio nas ruas estreitas do mais antigo circuito de Fórmula 1 e, é claro, por suas generosas isenções de impostos.

O país, onde menos de um quarto da população tem cidadania monegasca, é a nação independente com maior densidade populacional e maior concentração de milionários e bilionários, que são cerca de um terço de seus habitantes, no mundo. O elegante Cassino de Monte Carlo, em estilo belle-époque, ocupa posição central no microestado, não só pela localização, mas principalmente por ter sido a principal fonte de riqueza do país (sorvedouro, no caso, para quem ali joga) desde sua construção no final do século 19, alavancando o desenvolvimento econômico do microestado. Curiosamente, a entrada nos Cassinos de Mônaco é vetada por lei aos seus próprios cidadãos.

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O governo é uma monarquia constitucional desde 1911, com o Príncipe Albert II como chefe de estado. Ao contrário de outras monarquias europeias, o soberano, embora não seja o chefe do governo, tem força política significativa e poder de veto. A Casa de Grimaldi, família italiana originária de Gênova da qual os príncipes fazem parte, comanda o país desde 1297, com breves interrupções. Apesar de independente, o principado era vassalo dos reis franceses até a revolução que decapitou a corte de Versalhes a partir de 1789.

Há 65 anos, imprensa e telespectadores do mundo todo estavam focados no pequeno país para testemunhar o casamento do Príncipe Rainier III com a atriz Grace Kelly. Em 1982, o carro que a princesa conduzia precipitou-se ribanceira abaixo em uma estrada local. A norte-americana morreu no dia seguinte no hospital que hoje leva seu nome. Pais do atual monarca, Grace e Rainier (falecido em 2005) estão sepultados lado a lado na mesma igreja em que se casaram, a bela Catedral de Nossa Senhora Imaculada.

De volta ao meu compacto veículo, acanhado entre dezenas de carros de luxo, e antes que o jogassem no Mediterrâneo por completa inadequação, saí tranquilamente diante do olhar severo do funcionário à porta do cassino, procurando um local mais discreto para estacionar. Mônaco vale uma visita, pela belíssima paisagem da Costa Azul, pelas elegantes ruas e construções, assim como pela bagagem de tradição e história. Porém, o custo-benefício e a relativa futilidade que vi por lá provavelmente não me trarão de volta. Em parte, o culpado é o mordomo, ou melhor, o porteiro.

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