O noticiário da Covid-19 continua inundando as TVs, rádios e jornais. A vacina chegou ao Brasil de forma tímida. Na minha visão, o novo coronavírus já virou velho. Estou saturado das notícias catastróficas sobre o vírus.
Lamento o número expressivo de mortes, que causaram sofrimento aos familiares. Em contrapartida, saúdo nossos profissionais de saúde nessa luta constante contra o vírus. Esse esforço concentrado salvou quase 8 milhões de brasileiros.
Mudando de assunto. Esses dias marquei uma consulta com minha amiga e fonoaudióloga Berenice. Estava com problemas no meu aparelho auditivo eletrônico esquerdo, importado da Suíça. Pedi que regulasse os dois. Constatou que havia um chiado em um dos aparelhos e deveria mandá-lo para conserto em São Paulo.
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Já uso esses aparelhos há anos. Antes, incomodava os familiares e amigos ou usando a TV com um volume excessivo ou pedindo que repetissem o assunto falado mais de uma vez para que o entendesse. Perguntar “o quê?” era algo comum.
Alerto as pessoas que têm o mesmo problema, mas resistem em procurar um médico ou fonoaudiólogo que tem a capacidade de ajudá-los.
Conheço pessoas que relutam em buscar essa ajuda. Têm vergonha de usar o aparelho por não admitirem a perda de audição ou que isso é coisa para as pessoas mais velhas. Todavia, a perda de audição é comum em todas as faixas etárias, inclusive crianças.
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Darei uma ideia dos problemas que podem advir no nosso dia a dia por falta de audição. Aconteceu comigo na praia um fato pitoresco e que não tenho vergonha de relatar. Não notei que um dos aparelhos auditivos estava com defeito.
Tão logo cheguei em Garopaba, fui comprar pão e outros produtos no supermercado.
Aproveitei para olhar se havia a minha cerveja predileta em garrafa. Tinha em abundância. Aproveitei e levei um fardo de Amstel e me dirigi ao caixa.
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A menina registrou as mercadorias e a cerveja ficou no carrinho. Aí começou a confusão.
Para entender: no dia anterior, havia comprado essa mesma bebida no Miller. Cobraram-me os cascos, que na verdade não são retornáveis. Discuti com a menina do caixa. Ela argumentou que estava no sistema e teria de cobrar. Paguei.
Feito o parêntese, a menina do caixa pediu-me uma garrafa para registrar a compra das 12. Não escutei. Eu falava baixinho, quase sussurrando, e de máscara.
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“Pagar o casco?”, retruquei. “Então não vou levar. Amanhã volto e trago os cascos para trocar. Sempre as coloquei no lixo.”
Ela continuou insistindo, só queria uma garrafa. Não entendi novamente.
“Pode deixar assim. Não vou levar.”
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Uma outra funcionária veterana notou nossa discussão. Foi lá na prateleira, buscou uma garrafa e a trouxe para registrar. Resolvido o impasse. Caiu a minha ficha.
Nos dias seguintes, percebi que as meninas se entreolhavam e davam aquele sorriso maroto escondido atrás das máscaras: “Ih, aí vem o grisalho! Vai ter confusão!”
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