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Luto

‘Meu irmão nunca mais vai voltar,’ diz irmã de frentista

Desde que souberam da morte de Valdinei Oliveira de Moura, familiares  não conseguem conter as lágrimas. Pai, marido, filho, irmão e trabalhador, foi executado na tarde de quinta-feira, aos 29 anos. Tentou impedir um assalto ao posto de combustíveis no qual era frentista, próximo ao Acesso Grasel, em Santa Cruz do Sul. Na Capela Santo Antônio, o choro vinha acompanhado de lembranças. Dos bons momentos vividos e de uma tarde trágica. No Bairro Aliança, também em Santa Cruz do Sul, outra mãe tenta compreender o que aconteceu. Em desespero, procura assimilar a vergonha e a sensação de fracasso. O filho foi o autor do latrocínio. 

Há cinco anos, Valdinei veio com a mulher e a filha para Santa Cruz. O frentista adorava o trabalho e era cuidadoso com a família

“Ele pode até ser preso, mas vai sair da cadeia de novo”

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Aos 12 anos, em 25 de julho de 1987, Elomar de Moura teve um motivo a mais para sorrir. O nascimento do irmão, Valdinei Oliveira de Moura, completou a família, que se sustentava do trabalho no campo, no interior de Dom Feliciano. A infância foi recheada de brincadeiras com as duas irmãs – Elomar, a mais velha, e Rosemar, a do meio –, que mimaram o único menino da família. “Éramos muito próximos. Ele foi como um filho para mim”, conta Elomar.
Dos primeiros anos de vida, a irmã guarda na memória cenas de um garoto gordinho, que nasceu com mais de quatro quilos e não era muito adepto dos estudos. Por insistência da família, concluiu o ensino médio. “Ele era meio rebelde com a escola. Fomos empurrando ele com a barriga”, relembra Elomar. Por outro lado, Valdinei demonstrava vontade de trabalhar e lutar pelo conforto da família: a mulher, Vanessa Pinheiro, e a filha, Evelyn Moura, 9 anos. Nos últimos dois anos, trabalhou como frentista, mas, antes disso, foi funcionário da Prefeitura de Encruzilhada do Sul, servente de pedreiro e industriário.

Há cinco anos, Valdinei veio com as duas para Santa Cruz. A relação com Vanessa se iniciou quando os dois eram adolescentes: ela com 14 e ele, 17. Em 12 anos, conquistaram, além da filha, alegrias como a compra do carro e a construção de uma casa simples no pátio da sogra de Valdinei, Eva Regina Pinheiro, no Bairro Esmeralda. Segundo ela, o casal tinha uma vida financeira tranquila.

A personalidade séria e comprometida não o impedia de ser um pai carinhoso. Passava momentos divertidos com a filha. Desde a gravidez, Valdinei desejava que o bebê fosse uma menina. “Eles eram loucos um pelo outro”, disse a sogra. Durante a semana, ele levava e buscava Evelyn todos os dias na escola. Já nos fins de semana, pai e filha aproveitavam o tempo livre para se enfrentar em partidas de jogos de computador, o passatempo preferido dos dois.

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A última quinta-feira foi o último dia no trabalho que ele, aos 29 anos, tanto gostava. A rotina foi igual à de todos os outros dias dedicados ao serviço de frentista. De carro, saiu de casa por volta das 13 horas, já que começava suas atividades no posto às 13h30. Antes, deixou a sogra no Centro e comentou sobre o quanto gostava do lugar em que trabalhava, mesmo tendo sido vítima de outros assaltos.

“Sempre nos deu alegria e agora tiraram ele de nós”, lamentou Elomar. Para os amigos e pessoas com quem convivia ficou a imagem de um Valdinei alegre, sempre disposto a ajudar quem estava à sua volta. Para a esposa e a filha, restou a saudade de um pai e marido batalhador, que sonhava em trocar de carro e comprar um terreno para construir um novo lar. Em todos, ficou o sentimento de indignação por mais uma vida abreviada. “Ele até pode ser preso, mas vai sair da cadeia de novo. O meu irmão nunca mais vai voltar.”

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