O grupo Metallica tem milhões de fãs em todo o mundo, verdadeiros obsessivos que idolatram o quarteto e cruzam o planeta para vê-lo tocar. Mas poucos fãs gostam tanto de Metallica quanto um brasileiro de 66 anos chamado Roberto Medina, chefão do Rock in Rio. O caso de amor entre Medina e a banda não é novo. O Metallica tocou para o empresário pela primeira vez em uma edição do Rock in Rio realizada em Lisboa, em 2004. Desde então, foram oito shows, incluindo apresentações em Madri, Las Vegas, e nas três últimas edições no Brasil, em 2011, 2013 e 2015.
Não importa que James Hetfield (voz, guitarra), Kirk Hammett (guitarra), Lars Ulrich (bateria) e Robert Trujillo (baixo) não gravem um disco de músicas novas do Metallica desde “Death Magnetic”, de 2008 (sem contar o disco “Lulu”, de 2011, uma parceria com Lou Reed): o apetite de Medina – e dos fãs – pela banda continua imenso. Tanto que os 85 mil ingressos colocados à venda para o show do grupo no encerramento do segundo dia do Rock in Rio acabaram rapidamente.
Enquanto isso continuar acontecendo, o Rock in Rio vai seguir chamando o Metallica, e os fãs não hesitarão em desembolsar uma boa grana para ver o mesmo show. Ok, talvez não sejam exatamente os mesmos shows, mas são muito parecidos, com algumas poucas mudanças de repertório e de ordem das 18 músicas (o número é o mesmo em quase todos os concertos da banda).
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Até que este último show começou com uma novidade, pelo menos para o Brasil: a banda colocou um grupo de cerca de 100 fãs em cima do palco, atrás da bateria de Lars Ulrich (o artifício já havia sido usado em shows em outros países, incluindo o Rock in Rio de Las Vegas). De início o resultado foi impactante, com a estranheza de ver fãs atrás da banda. Com o passar do tempo, no entanto, a surpresa acabou, e ver aquela multidão batendo cabeça e levantando os punhos em cima do palco virou uma chatice. Parecia programa de auditório.
O show do Rock in Rio foi o último do Metallica em 2015, depois de uma longa turnê, e a banda parecia cansada e levando a coisa no piloto automático. Até Robert Trujillo, sempre tão animado, estava meio borocoxô. Mas o Metallica é uma banda tão boa e experiente que, mesmo longe de seus melhores dias, não decepciona. Também, com um repertório desses, é difícil não agradar: “Fuel”, “For Whom the Bell Tolls”, “The Unforgiven”, “Sad But True”, “One” e “Master of Puppets” animaram a plateia, que não ficou quieta nem quando um problema técnico durante a música “Ride the Lightning” provocou a interrupção do concerto por alguns minutos. Os fãs aproveitaram o silêncio no palco para entoar coros contra a presidente Dilma.
Depois da dobradinha “Fade to Black” / “Seek & Destroy”, o Metallica saiu do palco e voltou para o bis fazendo uma homenagem ao baixista Cliff Burton, morto em 1986, com uma animada versão de “Whiskey in the Jar”, tradicional canção irlandesa que a banda gravou no disco de covers “Garage Inc.”, de 1998, antes de encerrar com “Nothing Else Matters” e, claro, “Enter Sandman”. No fim, o baterista Lars Ulrich pegou o microfone, agradeceu à plateia e revelou que a banda precisava voltar para os Estados Unidos para terminar um novo disco. Pode ser a explicação para um show tão frio e protocolar. O Metallica não parecia mesmo estar com a cabeça no Rock in Rio.
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