Coronavírus

Metade da população de Santa Cruz ainda não completou o esquema vacinal contra a Covid-19

Passada a fase crítica da pandemia, com queda no número de contaminações, mortes e agravamento dos casos, somados à flexibilização das regras e dos protocolos de prevenção à Covid-19, a população relaxou e metade ainda não completou o esquema vacinal estabelecido pelo Ministério da Saúde. Depois da busca desenfreada pelas primeiras doses, das longas filas em frente aos postos de saúde, o cenário agora é de tranquilidade e quem ainda têm doses a receber pode aproveitar o momento.

De acordo com o coordenador do Setor de Imunizações da Secretaria Municipal de Saúde, Roger Rodrigues Peres, com base em uma população estimada em 131.365 habitantes, calcula-se que 90,19% das pessoas com idade acima de 6 meses receberam a primeira dose da vacina, enquanto 87,14% receberam também a segunda. Já o reforço não teve a mesma adesão e somente 51,29% dos habitantes completaram o esquema. “Os números não são exatos, são estimativas, porque dentro desses quantitativos temos pessoas de outros municípios que se vacinaram em Santa Cruz e vice-versa”, explicou.

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A preocupação com a proteção dos mais idosos e também o momento agudo da pandemia, com alto número de óbitos e internações nos hospitais, fez com que esse grupo alcançasse o maior índice de imunizados, enquanto as crianças foram as que menos receberam a vacina até agora. 83,63% das pessoas com 60 anos ou mais estão com a dose de reforço em dia.

Na avaliação do coordenador, devido à mudança no cenário, que hoje é bem mais tranquilo, muitas pessoas acreditam que não precisam mais da vacina porque já estão protegidas. “Isso é um erro. Somente com o esquema vacinal completo essa situação pode permanecer estável e a doença ficar controlada”, alertou. Ele ressalta ainda que também devido à mudança nos esquemas vacinais de cada grupo no decorrer da pandemia, da chegada de novos produtos, muita gente pode nem mesmo saber que ainda precisa aplicar mais doses. “Quem tem dúvidas deve procurar uma unidade de saúde para se certificar se recebeu todas as doses”, orienta.

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Um exemplo das mudanças no esquema vacinal é com relação ao imunizante da Jansen, cuja dose, no início da campanha, equivalia a duas das outras marcas. “Isso mudou. Hoje a pessoa tem que ter o mesmo número de doses daquelas que iniciaram o esquema vacinal com outros produtos”, afirmou.

A média de aplicação de vacinas nas unidades de saúde do município atualmente gira em torno de 40 por dia, o que é considerado pouco. Devido à baixa procura, no caso das crianças, especialmente, é feito agendamento por telefone junto aos postos de saúde para que não sejam abertos frascos e doses sejam perdidas.

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Segundo a secretária municipal de Saúde, Daniela Dumke, Santa Cruz do Sul segue empenhada na busca por índices mais altos de imunização. “A vacina é de extrema importância porque é o que nos possibilita estar novamente convivendo em sociedade de forma tranquila. E para mantermos esse equilíbrio é necessário que a população esteja com o esquema vacinal completo”, ressaltou. Diversas unidades de saúde continuam aplicando a vacina contra a Covid-19. Confira os locais e horários no site.

Experiência que não quer repetir

Juliamara Meili da Silva | Foto: Isadora Oliveira

Em maio de 2022, a técnica de enfermagem Juliamara Meili da Silva viveu a pior experiência da vida ao ver o filho caçula, Vicente, de 7 meses, contrair Covid. Na época, não havia vacina disponível para essa faixa etária e ao contrário do que se costuma acreditar com relação à evolução da doença em crianças, Vicente atravessou momentos bem difíceis. Atualmente, ele está com 1 ano e 4 meses e em plena recuperação. Logo deverá receber a primeira dose da vacina.

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Juliamara conta que ao retornar ao trabalho após uma licença se contaminou e acabou transmitindo o vírus para os dois filhos. O mais velho, Bernardo, de 8 anos, já havia recebido as duas doses da vacina e apresentou poucos sintomas, porém com o bebê a situação foi bem diferente. Com febre alta persistente, ele quase não se alimentava. “Eu medicava e a febre não baixava, os dias passavam e ele não melhorava. Depois de três dias com febre alta, apareceram manchinhas pelo corpo todo (petéquias), fizemos exames e as plaquetas estavam baixas”, disse.

O quadro levou Juliamara a consultar vários médicos e realizar vários exames até receber o diagnóstico de Covid longa. Meses depois, Vicente ainda necessita fazer alguns exames para descartar outras patologias. A perda de peso acabou atrasando o desenvolvimento motor e ele precisou fazer fisioterapia. Hoje está mais forte e aprendeu a caminhar. “Foi bem difícil, eu trabalhava uma semana e na outra já estava de atestado, estava no trabalho e minha mãe ligava pedindo pra eu ir pra casa porque o Vicente não estava bem”, contou.

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Depois da Covid, Juliamara contou que o organismo do filho ficou debilitado por bastante tempo. “Qualquer coisa ele pegava fácil, pegou bronquiolite, mão-pé-boca, roséola. E toda vez que ele ficava doente apareciam as petéquias pelo corpo”, disse. Para ela, que trabalha na área da saúde, é triste ver muitos pais não vacinarem os filhos. “A gente convida, orienta, explica, mas tem pais que não querem. Eu tive medo do meu filho morrer. Assim que os exames estiverem de acordo, ele vai fazer a vacina”.

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