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FRUTICULTURA

Mesmo com previsão de baixa produtividade, qualidade da uva tende a ser boa na região

Foto: Vivairo Zago

A uva, que compreende uma grande área rural produtiva da região Centro Serra, tendo como as principais cultivares: Americanas, Niágara Branca e Rosa, Concord, Bordô, Goethe, Isabel, dentre outras, enfrenta uma safra de tempo seco e pouca precipitação, no entanto, mesmo com parte da produtividade comprometida, sua qualidade tende a ser boa na região. Conforme o primeiro informativo conjuntural da Emater/RS-Ascar de 2023, divulgado na quinta-feira, 5 de janeiro, a sanidade geral dos parreirais continua satisfatória, tanto para cultivares de mesa quanto indústria.

Em entrevista a reportagem da Gazeta, o produtor de uva da localidade de Campestre, interior de Sobradinho, Fábio Ceretta, prevê uma safra menor comparada ao último ano. Conforme ele, a produção ficará em torno de 10 mil quilos, cerca de um terço comparado à última safra, onde a produtividade alcançou os 30 mil quilos por hectare. “O fator clima tem atrapalhado, sendo o motivo principal da baixa produção. Na primavera, época da floração, ocorreram 20 dias de temperaturas baixas, frio e nublado. Até final de setembro haviam sinais de formação de geada. Isso influenciou diretamente na formação dos cachos, pois no período de floração, quando a temperatura é muito baixa, não há uma boa polinização e formação. Agora com a estiagem, já deveria estar com os cachos bem mais desenvolvidos”. O produtor, que não trabalha com irrigação em seus parreirais, nota que o cacho está menor e com poucos grãos, sendo a época de frio prolongada e a atual seca dois fatores que influenciaram diretamente na produção.

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Para o extensionista rural, assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar de Soledade, Vivairo Zago, o clima seco poderia favorecer a produção, pois age diretamente no acúmulo de açúcar no fruto, no entanto, o período seco na região ocorre desde novembro, causando um déficit hídrico cada vez maior nos parreirais. “Não se pode generalizar, pois depende muito do solo. Pode haver um parreiral instalado no raso e outro mais profundo, o qual não seria tão afetado pela seca. Porém a região possui um solo mais raso. Também se trata de como o produtor realiza o manejo deste solo para reter mais água”, salienta.

Quanto a matéria-prima para as indústrias fabricantes de vinhos e espumante, a expectativa é boa. Para Vivairo, a questão do clima deve se normalizar nos próximos dias, mas para o bom desenvolvimento do fruto o essencial é que, após as possíveis chuvas, o período chuvoso não se prolongue até a colheita. “A tendência é permanecermos ainda no período da colheita com predomínio de tempo seco. Não pode-se garantir que tenha uma qualidade, pois tem bastante coisa para acontecer ainda. Mas a uva que temos hoje madura, tem uma boa sanidade. Acreditamos em uma boa matéria-prima para as indústrias, a exemplo do último ano. As uvas que estão em colheita ou quase sendo colhidas, tem uma qualidade no grau de açúcar bastante elevada. O tempo seco concentra bastante açúcar na baga, ocasionando um ótimo produto para as empresas e até mesmo para uvas de mesa. O que prejudicaria a qualidade daqui para frente seria se ocorresse um período muito chuvoso, o que provocaria podridão no fruto, dentre outros problemas”, explica.

Foto: Vivairo Zago – Emater/RS-Ascar

Fábio também destaca que para a produção de vinho e espumantes será uma boa safra, porém, para a venda in natura, a quantidade será menor. “A gente espera chuva ainda, se ela vier vai melhorar, pois está cedo para colher. Para ter certeza do resultado, ainda estamos na expectativa do clima”, ressalta.

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Vivairo fala também sobre as percas nesta safra, porém, o frio prolongado no último ano é o principal fator responsável por ela. “Temos percas sim. Não se sabe exatamente ainda o percentual, mas acredito seguramente em torno de 15% a 20% de percas em função das temperaturas baixas na primavera”, destaca.

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O produtor Fábio também mencionou sobre a tranquilidade quanto as doenças fúngicas nesta safra, por ocorrência também do clima mais seco. “O fungo precisa de umidade para desenvolver. Não tendo isso, fica muito tranquilo o manejo. A sanidade dos parreirais é muito boa. São plantas sadias, o que exigiu muito pouco tratamento por conta destes fatores”. Para Vivairo, no início da safra, por ocorrência do tempo de clima frio, houveram alguns problemas com doenças tradicionais, mas tudo controlável. Nos períodos posteriores, por ser mais seco, acabou dificultando o ataque de fungos.

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O extensionista também explica sobre a venda do produto, tanto da uva de mesa quanto da matéria-prima processada, o que em sua maior parte, fica no Centro Serra. “A produção de uva de mesa é praticamente vendida toda dentro do Centro Serra. Na questão do vinho, muitas pessoas tem parreiras específicas para a produção da bebida, que produzem vinho colonial, mais consumido na região. A maior parte fica no Centro Serra, uma pequena parte é vendida, mas não é um número tão significativo”, ressalta. Vivairo também destaca que um dos fatores que acaba retendo a maior parte das vendas do fruto e derivados na própria região, é a baixa sucessão na cultura, o que acaba diminuindo os produtores e aumentando a demanda.

As uvas de Fábio Ceretta podem ser encontradas nas feiras do produtor realizadas no município de Sobradinho, as quais contam com a organização da Emater/RS-Ascar.

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