No dia 1º de outubro, o calendário de eventos anuais marca o Dia Internacional do Idoso. A data foi criada pela ONU, em 1991, para lembrar dos direitos dos idosos e criar espaços de debate sobre a importância de preservar o respeito e a dignidade dessa população. No Brasil, até 2006 a data era celebrada no dia 27 de setembro, instituída em 1991 pela Comissão de Educação e Saúde do Senado. Com a lei federal 11.433, de 18 de dezembro de 2006, foi adotado o dia 1º de outubro para lembrar os idosos. O objetivo é garantir a preservação da saúde física e mental das pessoas com mais de 60 anos, além de criar prioridades, como atendimentos especiais e transporte público, e regras para o funcionamento dos abrigos para idosos, conforme prevê o Estatuto do Idoso, criado através da lei 10.741, de 1º de outubro de 2003.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera idoso qualquer pessoa com mais de 60 anos. Realidade presente em todo mundo, a população está cada vez mais idosa, inclusive no Brasil. Conforme o IBGE, atualmente, já são mais de 28 milhões de brasileiros que estão nessa faixa etária, representando 13% da população. A tendência é esse número crescer exponencialmente nas próximas décadas. Em 2030, a expectativa é de que o número de pessoas na terceira idade será maior que o total de crianças entre zero e 14 anos.
Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese) mostrou que em 34,5% dos lares brasileiros havia pelo menos uma pessoa com 60 anos ou mais. O estudo apontou também que 23% dos idosos continuavam a trabalhar e que parcela deles colabora com o sustento dos lares onde vivem com outras pessoas. Em quase 25% dos domicílios no Brasil há idosos que contribuem com mais de 50% da renda domiciliar, através de aposentadorias, pensões e outras rendas.
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No Brasil, inventam-se – e não é de hoje -, cada vez mais armadilhas e golpes para enganar as pessoas. E os idosos são vítimas constantes e preferenciais, quer por sua fragilidade física, quer pela falta de conhecimento ou entendimento, sendo induzidos, principalmente por familiares ou pessoas próximas, a assinar contratos de financiamentos e outros documentos que podem comprometer seus dias de velhice.
Conforme balanço divulgado pela Agência Brasil, em 12 de junho de 2019, 52,9% das denúncias de violência contra idosos acusam os filhos. As violações mais comuns foram a negligência (38%); a violência psicológica, com gestos de humilhação, hostilização e xingamentos (26,5%); a violência patrimonial, em que o idoso tem o salário retido ou os bens destruídos (19,9%); e a violência física (12,6%). Quando for o caso, o papel da família para a qualidade de vida do idoso, além de relevante, está previsto em lei. O Estatuto do Idoso estabelece que a família se envolva nos cuidados e na proteção do idoso.
Ficar em casa não tem sido a opção de todos os que já se aposentaram. Por necessidade ou mesmo pela vontade de continuar em atividade, muitos idosos optam por se manter ou retornar ao mercado, mesmo como voluntários. Não é à toa que, por ocasião do Dia Internacional do Idoso, é necessário reforçar a cobrança de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida neste segmento. É fundamental, também, que o setor privado invista em ações e em capacitações para melhor atender a essas pessoas. Existem desafios que não foram resolvidos no Brasil. Dentre eles, o incentivo e a ampliação do mercado de trabalho para as pessoas acima de 60 anos, melhores condições nas redes de cuidados e a redução do preconceito, inclusão social e melhor acessibilidade para este público.
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Se ainda não serve para muita coisa, o Dia Internacional do Idoso pelo menos é uma oportunidade para que as pessoas lembrem que velhos não são os outros. Se não acontecer nenhuma fatalidade pelo caminho, a idade chega para todos. E, com ela, novas possibilidades se abrem, inclusive de dificuldades. O importante é envelhecer com qualidade de vida que está associada à vida ativa.
Por isso, sob a perspectiva da geriatria, o médico Luiz Roberto Ramos sugere que “não podemos delegar a responsabilidade de como vamos envelhecer” e praticar hábitos saudáveis como atividade física, alimentação saudável, contatos com familiares e amigos, e manter a mente estimulada com novas atividades (exercícios para ativar o cérebro com leituras, palavras cruzadas, artesanato, etc. ou práticas que demandam um pouco mais de disposição, como dançar ou cantar). Como afirma a psicóloga Márcia Célia Abreu “a flexibilidade e a resiliência são chaves neste momento da vida”.
Por fim, é importante, também, mas infelizmente relegado, cuidar das finanças, procurando aplicar ou buscar os ensinamentos da educação financeira. Envelhecer pesa no bolso e um envelhecimento saudável está intimamente relacionado com o planejamento financeiro. Para viver de forma saudável após os 60 anos, as pessoas precisam continuar a ter uma vida ativa, com alimentação balanceada e monitorar os principais indicadores de saúde, com acompanhamento médico e exames regulares. E controlar suas finanças.
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