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CIDADANIA

Menos de 15% dos adolescentes de Santa Cruz estão aptos a votar

Foto: Rafaelly Machado

Léa, Catarina, Catherine e Maria Fernanda: mesmo desobrigadas pela legislação, estudantes não abriram mão de fazer o título

Antes mesmo de completar 16 anos, Léa Lucas já havia decidido que, tão logo pudesse, encaminharia o título de eleitora. Agora, aos 17 e com o documento em mãos, a estudante se prepara para votar pela primeira vez em outubro, embora ainda seja desobrigada a comparecer às urnas pela legislação. A ansiedade, porém, não é compartilhada com muitos jovens da faixa etária dela: estatísticas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) mostram que a participação de adolescentes no processo eleitoral em Santa Cruz vem caindo a cada eleição.

Em março, o número de eleitores com 16 ou 17 anos – faixa etária em que o voto é facultativo – foi o menor na comparação com o mesmo mês nos últimos dez anos eleitorais no município. Segundo dados do Datasus, em 2019 Santa Cruz tinha em torno de 3,6 mil pessoas com essas idades. Com isso, é possível estimar que menos de 15% dos adolescentes estão aptos a votar.

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O prazo para emitir o primeiro título vai terminar na próxima quarta-feira, 4 de maio. Nos últimos meses, diante da baixa procura, instituições, artistas e a própria Justiça Eleitoral lançaram campanhas com o objetivo de estimular o alistamento eleitoral. Para Léa, quem deixa de participar da eleição abre mão de uma oportunidade. “Não sabem a chance que estão perdendo. Todos têm vontade de mudar algo, mas muitos não têm essa iniciativa e essa coragem”, afirmou.

Segundo Léa, que está no terceiro ano do Ensino Médio, além do incentivo dos pais, a motivação para exercer o direito ao voto é o entendimento de que, dessa forma, estará contribuindo com o País. Embora admita que até o momento está mais atenta à disputa presidencial, pretende, após a definição das candidaturas, inteirar-se a respeito do cenário para os demais cargos – também serão eleitos governadores, senadores, deputados estaduais e federais. A estratégia para definir os votos, segundo ela, será comparar a situação atual do Brasil com o passado e definir o melhor caminho.

A queda

2004 ….. 1.421
2006 ….. 1.525
2008 ….. 1.218
2010 …..… 968
2012 …….. 958
2014 …….. 807
2016 ….. 1.007
2018 …….. 642
2020 …….. 629
2022 …….. 492
*Refere-se ao número de adolescentes de 16 e 17 anos com título eleitoral no mês de março de cada ano.

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Negação da política é um risco, alerta analista

Embora a queda da representatividade de adolescentes no eleitorado seja influenciada por fatores como o envelhecimento da população e até pela pandemia – que reduziu as ações presenciais nas escolas para estimular o alistamento eleitoral –, por trás do fenômeno está um desinteresse crescente da população mais jovem pelo exercício do voto.

De acordo com o doutor em Ciência Política e professor da Unisc, João Pedro Schmidt, esse sentimento já era visível há mais de 20 anos, quando realizou um estudo sobre a relação dos jovens brasileiros com a política. Na época, entrevistou estudantes de Ensino Médio de várias regiões. Segundo ele, o desinteresse, que não é diferente em outros países, reflete um desencanto em relação às democracias de massa que está presente também na população adulta.

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A percepção generalizada, conforme Schmidt, é de que votar não resolve os problemas. “Esse desencanto é repercutido nas famílias, nas escolas, nas igrejas, nos locais de trabalho e fortemente reverberado pela mídia. Ou seja, o desencanto é repercutido em todos os espaços influentes na formação das opiniões e atitudes políticas dos jovens”. Para o analista, porém, mais do que um desapreço pelo processo eleitoral, o problema envolve um afastamento da política de forma geral.

As pesquisas apontaram, entre outros, que cerca de um terço dos estudantes se declaravam apolíticos – ou seja, indiferentes em relação à política. O risco, conforme Schmidt, é de uma adesão cada vez maior ao discurso de negação. “Democracia sólida só existe com apoio dos cidadãos às regras do jogo democrático, incluindo as eleições, o respeito aos resultados eleitorais e o acompanhamento das ações dos eleitos”, apontou.

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Embora considere importantes campanhas como as realizadas pela Justiça Eleitoral para incentivar que jovens façam o título, o pesquisador alerta que reverter o descrédito da juventude pela política passa por ações contínuas. “A ‘solução’ de fundo é estimular o interesse pela política cotidianamente e em todos os espaços: família, escola, igrejas, local de trabalho, mídias, instituições políticas. É uma construção coletiva e permanente”.

Fala, jovem

Confira o que dizem outras adolescentes que, assim como Léa, fazem questão de votar neste ano:

“O título é uma das formas de a gente exercer o nosso papel como cidadãos. É uma das formas de mudar o cenário do País e representar as nossas vontades. A gente vota na pessoa que mais nos representa. Acho que é de extrema importância que todos os jovens façam o título porque dessa forma vamos conseguir mudar a realidade do Brasil”.

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Catarina Warken, 17 anos

“Decidi fazer meu título antes de completar 18 anos, porque acho muito importante exercer o meu direito como cidadã e ter a oportunidade de poder fazer algo para melhorar o meu País. Estou muito feliz de poder votar”.

Maria Fernanda Carvalho Rocha, 17 anos

“Optei por tirar o título este ano, mesmo sendo opcional, porque eu gostaria de me inteirar acerca da realidade política e dos representantes da nossa nação. E qual seria a melhor maneira de fazer isso que não participando do processo democrático do País? Gostaria de ter essa experiência este ano, porque assim estou exercendo meu papel como cidadã. Acho de fundamental importância que os jovens acompanhem desde o início, já que nós somos o futuro do País”.

Catherine Bischoff Rauen, 17 anos

Regularize

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul também aderiu ao movimento nacional de incentivo ao voto jovem. Nesta semana, o presidente Valdeci Oliveira (PT) se reuniu com estudantes e lideranças secundaristas para debater o tema e apresentar as ações que o Parlamento está promovendo nas redes sociais para estimular a adesão da juventude ao processo eleitoral.

Nos próximos dias, serão publicados vídeos com dicas e orientações sobre como fazer para emitir o título. Além disso, foi criado um “filtro” no Instagram, uma das plataformas mais utilizadas pelos jovens, com a frase “O Brasil precisa do seu olhar”. O dia 4 de maio também é o prazo final para eleitores transferirem o domicílio ou regularizarem a situação eleitoral.

Como fazer

O procedimento, cujo prazo termina na próxima quarta-feira, é rápido e pode ser feito pela internet. É preciso, antes, fotografar um comprovante de residência atualizado e um documento oficial com foto (frente e verso). Também é preciso fazer uma selfie segurando o documento de identificação ao lado do rosto. Ainda é exigido o certificado de quitação militar – nesse caso, para homens no ano em que completam 19 anos.

Acesse www.tse.jus.br e clique, na aba superior, em “Eleitor e eleições”. Na sequência, selecione “Tire seu título – Título Net”. Quando a página abrir, role até encontrar o “Faça seu requerimento” e, logo abaixo, clique em “Iniciar seu atendimento à distância”.

A partir daí, basta seguir os passos. Primeiro, selecione o estado e confira se possui todos os documentos necessários. Depois, preencha o formulário com os dados obrigatórios. A última etapa é o envio dos documentos. Após concluída a solicitação, é possível acompanhar o requerimento clicando em um link na página inicial do Título Net. Quando o processo for concluído, você terá acesso ao número do título e aí é só baixar o aplicativo e-Título no celular.

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