Quando havia o curso de Licenciatura em Língua Alemã na Unisc, acompanhei, como professora responsável junto com o professor Irineu Frei, um grupo de alunos da Unisc, Ufrgs e PUC a uma viagem de estudos para conhecermos a vida acadêmica e cultural na Alemanha. Havíamos sido agraciados pelo DAAD – Deutscher Akademischer Austauschdienst/ Serviço de intercâmbio acadêmico alemão, por intermédio da professora Angelika Gärtner, naquele tempo era professora do DAAD na Ufrgs.
Com seu auxílio foi organizado um roteiro de visitas a universidades, museus e eventos culturais, com tudo pago pela entidade alemã, inclusive estadias em hotéis em cada cidade que visitávamos. Um ônibus colocado a nossa disposição nos levava de cidade em cidade. Visitamos universidades e espaços culturais em Köln, Heidelberg, München, Dresden, Berlin… Foi nessa viagem que conheci a cidade de Tübingen. Na universidade fomos recebidos pelo professor Engels, que viria mais tarde ser meu incentivador para que cursasse doutorado lá. Engels nos levou a conhecer o Botansicher Garten. Lá também conheci o castelo Hohen Tübingen, onde a universidade mantém o Instituto Ludwig – Uhland für Empirische Kulturwissenschaften, lugar em que, mais tarde, viria a cursar disciplinas que me levariam aos estudos e pesquisas de doutorado.
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Muitas visitas, muita cultura, mas nem tudo transcorreu alles Palleti – tudo certinho. Em Köln visitamos o Museu Romano-Germânico e a imensa catedral. Subimos os 533 degraus da torre de onde se descortina uma vasta paisagem para além do rio Reno. Descemos alegres, bem como sentenciava minha Wowa: Runter helfen alle Engelchen – para baixo todos os anjinhos ajudam. Quando chegamos ao térreo, uma aluna minha extenuada desabafou: subir tudo isso, nunca mais. Mal falou e se deu conta de que havia esquecido seus óculos lá em cima.
Em Heidelberg visitamos as ruínas do castelo e depois fomos recebidos na sala histórica da reitoria da universidade Ruprecht Karls, uma das mais antigas da Alemanha. Lá nos mostraram também uma Studentengefängnis – lugar em que eram presos estudantes que haviam cometido pequenos delitos contra a ordem pública, como perturbação noturna. O lugar havia sido instalado em 1780 na universidade e permaneceu ativo até 1914. E também fomos levados à histórica Studenten Kneipe, uma antiga taverna de estudantes.
Chegados a München, depois de todos acomodados, alguns alunos resolveram usar chinelos Havaiana e conversar sentados confortavelmente nas poltronas do Hall do hotel. Não demorou para a recepção os alertar para vestirem calçados apropriados ao lugar que estavam frequentando.
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Em Dresden visitamos as ruínas da Frauenkirche que hoje está completamente restaurada. Dresden havia sido destruída por bombardeio das forças vencedoras da guerra em 1945. Também visitamos o Zwinger, um imenso complexo arquitetônico construído a partir de 1709, próximo ao rio Elba, e a Semperoper, casa de ópera, construída entre 1871 e 1878. Ambos os complexos foram fortemente atingidos pelo bombardeio de 1945, e novamente restaurados.
Quando chegamos a Berlim, acomodados no hotel, dei-me conta de que havia esquecido minha necessaire no hotel anterior. Não lembro com exatidão se era em Dresden ou se foi na cidade de Bach. E agora? Nela estavam guardadas minhas joias e algum dinheiro. No hotel em Berlim, me colocaram em contato com o hotel anteriormente frequentado e lá localizaram minha necessaire. A direção do hotel a enviou ao DAAD em Bonn e de lá foi despachada para meu endereço no Brasil.
Em Berlim findaria nossa estadia, não sem antes haver um novo incidente. Cansados, mas alegres nos espraiamos nos sofás, para conversar em roda de chimarrão. Fomos interrompidos pela recepcionista que cobria o rosto com um lenço: – Machen Sie gefälligst die Pfeife aus! Apaguem, por favor, o cachimbo. Nosso chimarrão estava sendo confundido com um cachimbo.
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