O Rio Grande do Sul lembrou, há alguns dias, o centenário de falecimento do escritor Simões Lopes Neto (Pelotas, 1865–1916). Mesmo não tendo uma ligação direta com Santa Cruz do Sul, uma passagem da sua vida lembra a nossa Capital do Fumo.
Simões Lopes Neto criou a Marca Diabo
Em 1901, Simões criou, em sua terra natal, a indústria cigarreira Diavolus. Irreverente, a batizou com o nome de Fábrica de Fumos e Cigarros Marca Diabo. Ele redigiu as peças publicitárias e idealizou o desenho da carteira: o capeta soltando fumaça pelas ventas.
Publicidade
Na época, existiam em Pelotas quatro cigarreiras: Santa Bárbara, São Rafael, Santa Cruz e Gentilini. Diabo surgiu como um contraponto bem-humorado às marcas que invocavam santos.
O cigarro teve grande aceitação. Com humor, a propaganda aconselhava os fumantes a levarem o “diabo no bolso”. Mas a campanha indignou a igreja católica. Em pouco tempo, a cidade estava tomada por boatos de que o dono e os consumidores da marca seriam excomungados.
As queixas de Simões Lopes sobre os tributos, em 1901, eram as mesmas que os industriais de Santa Cruz têm hoje: “Os cigarros Marca Diabo são superiores, bem trabalhados, sem pó, sem talos e baratos. E mais baratos seriam se não fosse o desgraçado do imposto, que chega a ser maior que o valor do fumo”.
Publicidade
Publicidade sobre o cigarro
Provavelmente, sua iniciativa gerou a expressão “marca diabo”, usada para definir produtos de procedência duvidosa. Mas ao que tudo indica, o cigarro era bom, pois em 1904 foi premiado nos Estados Unidos.
Por volta de 1906, a fábrica fechou, sufocada pelos impostos e pelo boicote da igreja para que os católicos não comprassem a marca. Simões Lopes teve vários outros negócios, todos de curta duração.
Publicidade